![Foto de Tarcísio Matos](https://mais.opovo.com.br/_midias/jpg/2022/02/05/100x100/1_tarcisio_matos-18038877.jpg)
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
O amigo Mauro Costa, melhor que coração de frango assado na brasa do sol, confabula-me uma de dar água na boca em quem aprecia - eu, por exemplo; em quem não sabe o que é, o tonitruante "nãããã", ou, como se diz shakespeareanamente, "whaaaaaat? Noooooo! This is disgusting!" Falo do irresistível "espetinho de gato".
A história começa quando um sobrinho da Renata, esposa do Mauro, veio de férias a Fortaleza, faz tempo. Nascido e residente nos EUA (desse perito em defenestrar o povo daqui sem dó nem piedade), o "young man" não falava uma só palavra em português. Pela primeira vez viera conhecer a família brasileira. Mauro levou o póbi pra tudo que era buraco, inclusive a jogos do Ceará. Adorou o que viu. Voltando no ano seguinte à terrinha, trouxe a namorada, de nome difícil de pronunciar; até de "dona talher chamaram ela, tão arigó que era, tadinha". Choque cultural medonho.
Era o Mauro direto acompanhando o casal. Certo dia, levou os dois a uma partida do Vozão no PV. "Quando chegamos na pracinha em frente à entrada, pela Marechal Deodoro, apliquei molecagem tipicacamente nossa. Combinei com meu irmão (fluente no inglês) e com o próprio sobrinho da Renata de frescar com a americana".
Cerveja em mão, Mauro, sem ver de quê, cara de senhor, mostrou o carrinho do Espetinho da Tia, de quem era cliente no estádio há anos, e disse (traduzido pro inglês), enquanto o irmão se deliciava com um de porco, ensaboado na farinha.
- Sentindo esse cheirinho, minha bichinha?
- What, dear?
- Isso, ó! Precisa provar desse prato típico cearense, delícia da nossa cozinha!
- What food is this, baby?
- Espetinho de carne de gato!
A "young woman", que sempre procurava agradar, esbugalhou os olhos, botou as mãos nos peitos e disparou que aquilo era comida de fí duma égua. Mauro ainda emendou, na hora, sério como um bacurim urinando:
- Não se preocupe, querida! Esses aqui não são gatinhos de rua, mas felinos bem criados em spa, alimentados no puro bat gut!
O irmão de Mauro e o sobrinho de Renata, contendo o riso, comiam, enquanto a americana morria de nojo.
- Sustentamos a história até o jogo acabar; só contamos a presepada quando voltamos pra casa. A moça passou o jogo com fome. Ainda bem que o Ceará ganhou...
Essa outra é do amigo e parceiro musical "parodisíaco" Crisanto Gomes dos Santos, meu otorrino. Tem uns anos já o ocorrido. Ele e o grande Gilberto Fonteles, mais conhecido por "Jabuti", dos grandes talentos do violão cearense, hoje residindo e labutando na Alemanha, saíram cidade afora a tocar e a cantar música boa - do "Xote correntino", de Sá e Guarabira", a "La bamba", do folclore mexicano. Mais uns cinco parceiros acompanhavam a dupla nos vocais e na percussão.
Breu da madrugada, ainda; esperança de um solzinho no horizonte, pois, distante. Estão nalgum ponto boêmio da Beira-Mar. 3 da madrugada. Jabuti sai de onde se abancara e, sério, violão em punho, aproxima-se de poste da Coelce. Aos pés do poste, ante a luz bruxuleante derramada em derredor, desfechou pensamento que me fez rever verdade:
- Tem já tanta luz de dia, né? Na minha mente, o sol deveria aparecer era de noite...
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