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Pediu à companheira que fizesse sushi de tilápia e...
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

Pediu à companheira que fizesse sushi de tilápia e...

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Deu certo a arrumação culinária. O nome do gênio: Fransquin 'Yamarmorto', maior pescador de curimatã da RMF, hoje um homem rico no sudeste asiático. Quem diria, aquele matuto véi do Pacajus, comedor de farinha com açúcar, na capa de revista De H Forbes! Há buchicho de que, empreendedor nato, está investindo em energia do sopro (ictu-elétrica - ruma de meninos assoprando pás de uma turbina medonha), mas isso é pra outra ocasião. Fato é que Fransquim tá rico e famoso, e besta, até casou de novo.

Como conseguiu tal projeção? Começou quando ouviu uma propaganda de sushi no rádio; curioso, pesquisou amiúde sobre o produto. Leu que a iguaria poderia ser feita com uma variedade de peixes e frutos do mar, entre eles o salmão, o atum, o cação de escama e o peixe-espada. Nascido e criado nas brenhas da Lagoa das Pedras, já nas cercanias de Horizonte, onde encontrar peixes tão nobres, sem contar os outros ingredientes - frutos do mar, legumes, ova de peixe?...

- A de curimatã tá em casa: 10 tarrafadas no Açude do Gavião e um quilo tá garantido.

Criativo, cismou da taboca e, duma chibatada, pescou 50 quilos de cará tilápia.

- Se há quem faça feijoada vegana com legumes e tofu, e se eu posso fazer um bolo sem farinha de trigo, substituindo-a por aveia ou coco...

- Sim, sim! - a mulher, curiosa, quis saber.

- Por que não um sushizim de cará tilápia, escalado?!?

- Cará? Sushi de cará!

- Só se tu num quiser! Cará é rico em vitaminaB12, D e vitaminas do complexo B! Também contém minerais essenciais, no modelo do fósforo, do potássio e do selênio...

- Aí mente!

- E só não faço o sashimi pra não humilhar o póbi dos japoneses!!!

Unidos pela desunião

Passaram 45 anos residindo sob o mesmo teto, 25 dos quais sem se falar. Nada de conversa, nenhuma palavra trocada entre ambos, e olha que tinham 12 filhos, 13 netos e negócios em comum que tratar diariamente. Faziam-no os interlocutores ou por meio de bilhetes apócrifos. Mandavam um ao outro se lascar pelo pensamento, se amavam se odiando, gritavam em silêncio, viviam um inferno calado.

Mas um dia, enfim, já velhinhos, rolou aquele diálogo, perdido nas dobras do tempo, tão esperado, embora em duas breves frases. E só podia ser "ela", aquela danada, a responsável por novidade que alegrou demais os filhos ressentidos com o sepulcral silêncio entre os pais. Era a hora da janta. E seu João Nambuco, temendo ficar sem "ela", falou alto com a mulher, Rosa Jarina:

- Me passa essa farinha, nó cego! Coma toda não!

- E precisa gritar, fulerage! Toma! Ah uma dor de barriga!

O vento é o cavalo da chuva

Sabia de vários fatos que prenunciavam a chegada de chuva - e chuva muita. O comportamento de formigas, borboletas, lagoas e colmeias, por meio dos quais podia-se prever o volume de chuva.E também a presença de mutucas após as primeiras chuvas. Sem contar as plantas, vistas como indicadores de chuva. Chuva até o dia de São José como sinal de boa colheita, algo trivial. O percuciente Ademar Vidal dizia que "A natureza tem por esporte anunciar, generosamente, as suas intenções".

O que queria dizer com essa conversa mole toda é que eu nunca tinha "ouvisto falar" que roncar de papo pro ar era sinal de inverno rigoroso, se o fato se der a partir do mês de abril, em caso de o Ferrim chegar à primeira divisão...

 

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