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Não é distopia
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Por Hamilton Nogueira. Pedagogo, jornalista, ex-analista de sistemas e mestre em Ciência Política com trabalho em Desinformação. Escreve sobre Tecnologia na perspectiva do comportamento, desenvolvimento e esperança de dias melhores

Tecnosfera economia

Não é distopia

Distopia requer imaginação para além do possível. O que vemos, tanto no O Mundo depois de nós, quanto no Zero Day, é absolutamente factível.
Tipo Opinião
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Foto: Allison Robbert/Pool via AP)
Foto: Allison Robbert/Pool via AP Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

Zero Day no mundo cibernético é o dia em que um vírus começa a circular na rede e, assim, infectar máquinas. Muitas vezes a investigação começa por descobrir qual é o zero day, para só a partir daí medir causas e consequências. Zero Day também é uma série disponível na Netflix, em que um ex-presidente, do tipo herói, é chamado para combater um ataque cibernético que matara milhares de pessoas a partir da indisponibilidade de semáforos, serviços de hospitais, quedas de energia, e muitas outras mazelas decorrentes do encadeamento proporcionado pela digitalização dos múltiplos aspectos da vida.

O que estou a dizer é que, parando um serviço que controla o fechamento em onda dos semáforos de uma avenida, certamente colisões irão acontecer e matar pessoas; indisponibilizando o controle de aviões, claro está a sua consequência imediata; tornando inacessível o acesso ao aplicativo dos bancos, as pessoas desordenadamente se destinarão às agências para retirar suas reservas, e em seguida lotarão os supermercados a fim de acumular mantimentos, até que, em questão de dias, troquem tapas pela última lata de ervilha restante na prateleira do supermercado.

O perigo cibernético é real e progressivo. O perigo cibernético vem escalando para cima e para os lados. Para cima porque, como mostra a fábula estadunidense, a preocupação passou a ser do CEO, não mais do departamento de TI. É também do Presidente de qualquer república. Se tiver que chamar ministro, que seja o das forças armadas. E para os lados? Bom porque não são seres superiores que proporcionam o perigo. Não é um super vilão que demanda um Homem Aranha, ou um Capitão América. Mas alguém que está do nosso lado, que pode desenvolver um bom código com a ajuda da inteligência artificial, e com a pouca experiência de vida dos seus 14 anos, de dentro do seu quarto, e assim causar uma tragédia.

Houve uma época, nos filmes americanos, que o inimigo vinha do oriente, tinha os olhos apertados. Depois loiro, construído a base de remédios proibidos. Mas Rock Balboa, com sua pureza de caráter, e sua força natural, para júbilo do planeta, suportou todas as dores do mundo e, épico, derrotou o gigante russo. Ainda bem que temos o herói americano. Ironia mode on, ele é incorruptível, continua salvando o planeta, a despeito dos próprios desafios e dores, afinal ele tem sobre os ombros a responsabilidade com o mundo. Mas dessa vez o anabolizante é colocado em um código.

Importante dizer que meses atrás o filme O mundo depois de nós de 2023 com a mesma temática, causara burburinho e fora chamado distopia. Não é. Distopia requer imaginação para além do possível. O que vemos, tanto no O Mundo depois de nós, quanto no Zero Day, é absolutamente factível. Com as intricadas teias cujas tramas interligam, segurança pública por meio de câmeras, dinheiro digital, controle de energia elétrica, GPS, comunicação mundial e tudo mais, um castelo de cartas frágeis está posto. Se um cai, o restante vai na sequência.

É claro que no final o herói americano salva o planeta. Eles vendem essa ideia por meio do cinema ao mundo. E nós compramos. Trump talvez seja a tapa na cara que nos falta para ver que não é bem assim. Trump talvez seja quem realmente nos ensine o que é uma distopia. Na prática. Enquanto isso use o duplo fator de autenticação. E reze.

Chamamento

O Laboratório de Inovação Aberta do Atlântico está com as inscrições abertas para a segunda chamada - a primeira em 2025 - do seu programa destinado a selecionar projetos de pesquisa voltados à solução de desafios reais do mercado. As inscrições podem ser feitas até dia 13 de março por grupos de pesquisa, representados por um orientador, de universidades brasileiras conveniadas com o Instituto Atlântico a exemplo da Uece.

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