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Adolescência
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Por Hamilton Nogueira. Pedagogo, jornalista, ex-analista de sistemas e mestre em Ciência Política com trabalho em Desinformação. Escreve sobre Tecnologia na perspectiva do comportamento, desenvolvimento e esperança de dias melhores

Tecnosfera economia

Adolescência

Adolescência: um novo paradigma ao qual estamos (apenas) assistindo
Tipo Opinião
Série "Adolescência", da Netflix (Foto: Divulgação/Netflix)
Foto: Divulgação/Netflix Série "Adolescência", da Netflix

Quatro episódios que atraem e incomodam profundamente. Acompanha-se a narrativa, sem deixar de atentar para o plano contínuo - um esforço admirável de direção, produção, ensaio, atuação, logística, roteiro e tudo mais. A força das expressões faciais e o abismo de entendimento que há entre quem vive uma vida convencional e quem vive uma vida nativamente digital, despertam o debate.

A série “Adolescência” chamou a atenção pela quantidade de tapas na cara distribuída em quem assiste. Também pela quantidade de provocações sem respostas. Pela imensidão de vazio para as perguntas que fazemos. Perguntas, inclusive, ingenuamente elaboradas em função do desconhecimento a respeito do que está acontecendo. “Como pode?”, “Como isso é possível?”, “Será que meu filho faria isso?”, “O que ele vê na internet?”, “Como fiscalizo?”, “Como reajo?”, “Como abordo?”, “Como começo uma conversa?”, “O que eu faço?”.

Preste muita atenção no silêncio. Ao invés de uma música de fundo, o diretor optou muitas vezes pelo silêncio. Fica sustentada a emoção da cena na expressão do ator que a vê. A exemplo da revista íntima no garoto. Não precisou de som para passar a angústia. Quem vê, sente, vivencia, e chora junto. É assim que estamos, em silêncio assistindo.

E de quem é a culpa? Da competição pelo aparelho celular mais moderno? Do algoritmo? Da tecnologia? Da rede social? A propósito, a rede social está lá no enredo, mas não é a protagonista. A culpa não está explícita. Porque talvez não seja mesmo. O protagonista também não é o crime. O protagonista da série é o comportamento. É o ser humano, que não determina mais o seu rumo.

No livro “A civilização do espetáculo”, Mario Vargas Llosa, citando George Steiner, teoriza sobre a “retirada da palavra” da sociedade. Sem a palavra como insumo fundamental da formação humana, uma vez que está sendo substituída pela imagem na tela, pelo batidão na música, pela reza em detrimento do estudo, restará uma vida pós-cultura. Nessa vida, não há dignidade. O outro não existe. Não há crítica, muito menos autocrítica.

Competimos por objetos inúteis. E a fronteira entre o comportamento criminoso de quem espalha desinformação e o direito da liberdade de expressão é uma avenida demasiadamente larga, de difícil compreensão, que engana gente inteligente, achando que tudo pode.

Centec comemora

Referendando um cenário interessante para uma pujante indústria cearense de games, o Instituto Centec comemora a boa aceitação de um jogo desenvolvido por um grupo de cinco estudantes. Muse é o nome do jogo cuja versão demo foi colocada no Steam - plataforma internacional de serviço de distribuição digital de jogos eletrônicos. Narrativo e interativo, foi produzido na Fábrica de Desenvolvimento Centec (Fabdec).

IA no Hapvida

Já não é mais um projeto piloto, o acompanhamento de cerca de 2.500 mulheres pela rede Hapvida em Fortaleza, cujo objetivo é prevenir a endometriose, utilizando IA.

Por meio de uma varredura em todos os laudos de exames de imagem das pacientes que foram realizados na rede própria – ultrassonografia (abdome, transvaginal e mapeamento específico), tomografia ou ressonância magnética (abdome e pelve), antecipa-se a tendência. Sejam esses exames realizados a nível de urgência, eletivos para investigação ou preventivos.

O Ministério da Saúde estima que oito milhões de mulheres enfrentam endometriose no Brasil. Ainda em 2025, o programa parte para outros estados.

 

 

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