Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
O que você sabe sobre o peixe que costuma comer? Semana Santa chegando, a tradição de ter pescados à mesa faz a mídia, uma vez por ano, dar visibilidade aos pescadores artesanais que vendem peixe fresco, especialmente, os que compõem o cenário da aclamada música do Belchior que canta as "Velas do Mucuripe". Mas o Ceará, marcado profundamente por uma cultura alimentar com diversidade de pescados, preparados de diferentes formas, tem um litoral que se estende por 573 quilômetros, e 20 municípios banhados pelo mar, além dos rios, manguezais e açudes.
Já Fortaleza tem uma comunidade pesqueira dividida em sete comunidades - Barra do Ceará, Goiabeiras, Arpoador, Porto da Marinha, Mucuripe, Praia Mansa e Serviluz - localizadas ao longo de sua faixa litorânea, com pescadores artesanais sob a representação da Colônia Z-8, presidida por uma mulher, Maria Cristina. De acordo com dados da Colônia de Pesca, há aproximadamente 2.000 pescadores na ativa, dos quais cerca de 20% são mulheres que atuam, principalmente, na catação nos mangues.
Esses números são pessoas com histórias de vida atravessadas pela vida difícil que a pesca proporciona porque, além das adversidades impostas pelo mar, grande parte dos pescados possui baixo valor comercial, sendo geralmente comercializada assim que chega à areia da praia para os moradores locais.
O pescado de maior valor é vendido para atravessadores conhecidos, seguindo para diversos caminhos da cadeia produtiva. Em Fortaleza, os caminhos possíveis são o Mercado de Peixes de Fortaleza ou venda direta a hotéis e restaurantes.
A Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, política pública responsável por fortalecer a cultura a alimentar do Ceará, desde agosto de 2023 tem se dedicado à pesquisa "O mar está pra peixe - um pescado de qualidade no Serviluz", proposta de Anailton Fernandes, morador do bairro, que tem como mentoria o Rodolfo Vilar, idealizador do Projeto A.mar (@projetoa.mar), referência mundial em aperfeiçoamento de técnicas de despesca e criação de produtos gastronômicos.
Um bairro de frente para o mar, que carrega a tradição da pesca artesanal, fez homens como Adriano Firmino, mais conhecido como Banana, que aprendeu a pescar desde criança, aprimorando os saberes das marés, dos ventos e das técnicas de pesca com a experiência diária, a se desafiar a promover o seu trabalho nas redes sociais como ferramenta de venda dos seus pescados.
Com uma conta no Instagram (@adriano_firmino01) e no Youtube (Banana pescador artesanal) apresenta as aventuras do mar, mostrando a realidade de uma pescaria de 3 malhos, que envolve cerca de 15 pessoas. Não basta ser pescador, tem que saber vender.
Com a pesquisa, os pescadores da comunidade aprenderam técnicas de Ikejime, que mantêm os peixes como se estivessem em coma, a fim de driblar o processo natural de putrefação de um ser vivo. Assim, a estratégia de venda é ter um produto de qualidade, que seja demandado por pessoas que pensem nas pessoas que são as guardiãs da cultura, que têm produto com identidade.
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