
Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
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O Ceará é terra onde se come mandioca de muitas formas e em muitos momentos, porque tem a cultura das farinhadas. Farofa, pirão, tapioca, dadinho e sorvete, de forma tradicional ou mais inovadora, são produtos que nascem em uma casa de farinha e fazem parte da nossa alimentação. Você sabia que macaxeira é diferente de mandioca, já que precisa de saberes tradicionais e tecnologias sociais para eliminar a toxidade do composto de cianeto? Conseguimos depois de um leve cozimento comer a macaxeira, que geralmente é servida cozida ou frita, mas a mandioca precisa de processos mais sofisticados.
Pelas minhas andanças no interior, ainda vejo casas de farinhas, mas escuto relatos de um tempo que havia muito mais em cada comunidade. Em Tururu, na comunidade quilombola Conceição de Caetanos há 6 casas de farinhas ativas, reunindo mulheres e homens para a preparação de uma farinhada, momento em que a comunidade se reúne, fortalece laços, mantém a cultura rica de plantar, colher, preparar, comer e comercializar os produtos resultados de horas de trabalho. É fartura de farinha de mandioca, fécula, goma, carimã, borra.
Nessa comunidade, com esse contexto riquíssimo, com a intenção de se aliar com o sorvete de tapioca, um símbolo do Ceará nas sorveterias, cria-se o Sorvete de Farinhada. Joélho Caetano, jovem recém formado em gastronomia, dono de uma pequena sorveteria caseira na comunidade, teve a chance de participar do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia, espaço de desenvolvimento de pesquisas de produtos alimentícios, tecnologias sociais e metodologias da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, política pública para valorizar e fortalecer a cultura alimentar do estado do Ceará.
Depois de meses de pesquisa, com o apoio da Bellucci e da Universidade Federal do Ceará, desenvolve-se uma base de mandioca para substituir o emulsificante, produto industrializado, e uma farofa crocante de farinha de mandioca, rapadura, coco e manteiga da terra. Em breve, o sorvete estará à venda na sorveteria Caetanos, no território do pesquisador, no Mercado Alimenta CE e nas sorveterias Bellucci.
Se você tem um boa ideia ou conhece alguém que tem interesse em criar ou aperfeiçoar um produto alimentício, um utensílio ou uma tecnologia social que conte a história de uma comunidade no Ceará, também terá a chance de participar desse processo de pesquisa. Estão abertas as inscrições da 7ª edição do Laboratório de Criação, oportunidade para pessoas que moram no Ceará, tenham mais de 18 anos e tenham uma proposta.
(Foto: ESCOLA DE GASTRONOMIA IVENS DIAS BRANCO)Joelho Caetano, jovem recém formado em gastronomia, desenvolveu uma base de mandioca para substituir o emulsificante dos sorvetes, produto industrializado, e uma farofa crocante de farinha de mandioca, rapadura, coco e manteiga da terra. Em breve, o sorvete estará à venda na sorveteria Caetanos, no território do pesquisador, no Mercado Alimenta CE e nas sorveterias Bellucci.
Inscrições para concorrer ao edital da 7a edição do Laboratório de Criação de verão ser feitas até dia 05/06 no site gastronomiasocial.org.br/
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