
Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Antropóloga, pesquisadoras de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
O mês de junho no Ceará consegue transformar a comida característica da colheita do milho em comida de festa para além da zona rural, já que a paisagem urbana também nos convida a viver o clima de São João, com bandeirinhas coloridas, forró pé-de-serra e a tentação de encontrar mais facilmente bolo de milho, bolo pé de moleque, bolo de macaxeira, bolo de batata, pamonha, canjica, mungunzá, vatapá e aluá. Cidades realçadas com símbolos da cultura do campo, que festeja a semeadura e a colheita, herança de celebrações portuguesas, mas que foram adaptadas pelos povos originários e difundidas pelas pessoas agricultoras.
O milho é um alimento muito comum nas culturas alimentares e na agricultura da América, tendo um papel importante nas culturas indígenas, sendo entre os Maia do México e Guatemala reverenciado como uma divindade, Yum Kaax, o senhor do milho. No Ceará, por exemplo, o milho é usado em várias receitas produzidas pelas famílias da aldeia Fernandes, povo indígena Kanindé. Conforme Rildelene, o mucunzá, como chamam, é a receita predileta por seu sabor e por ser considerada uma "comida forte", sendo uma elaboração consumida no cotidiano e nos períodos de comemorações. Então, para celebrar o período de colheita, os indígenas da aldeia Fernandes criaram a Festa do Mucunzá no ano de 2012, com o objetivo de comemorar coletivamente a colheita do milho. Aberta ao público, acontecerá esse ano no dia 15 de junho.
Pequenas e grandes celebrações acontecem na maioria das cidades cearenses, mesmo quando uma mulher resolve cozinhar e vender comidas típicas, forma o que chamamos as comidas emblemáticas de São João, reunindo comensais em torno de uma mesa de comida. É comum mulheres aproveitarem a experiência de cozinheira de casa para empreender, vendendo o conhecido "pratinho" na calçada de casa ou em praças, difundindo na comida de rua as preferências de um povo. Geralmente, é possível comer vatapá, creme de galinha, paçoca e baião de dois, que marcam essa época do ano. No Instagram @saboresdacidade é possível descobrir onde encontrar e quem são essas cozinheiras que fazem "pratinho".
Se está em Fortaleza e quer viver uma experiência gastronômica de festa de São João, a Doce Gula Confeitaria, na Cidade dos Funcionários, tem uma programação especial.
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