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Chocolate não é tudo igual
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Antropóloga, pesquisadora de culturas alimentares, doutoranda UFBA e Coordenadora de Cultura Alimentar e Pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco

Vanessa Moreira gastronomia

Chocolate não é tudo igual

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Produção de cacau do Limoeiro de Norte (Foto: Camila Almeida/Divulgação)
Foto: Camila Almeida/Divulgação Produção de cacau do Limoeiro de Norte

O Carnaval termina e, de repente, o mercado se enche de ovos de Páscoa, anunciando a alta temporada do chocolate. Para além das embalagens coloridas e das promessas de sabores impressionantes, existe um universo rico e pouco explorado: o chocolate bean to bar - do grão à barra -, um produto que resgata a essência do cacau e valoriza toda a cadeia de produção, do cultivo ao tablete.

A história do chocolate começa há milhares de anos, entre os povos originários da América Central, onde o cacau era um alimento sagrado. Durante a colonização europeia, ele foi transformado e difundido pelo mundo, tornando-se um dos produtos mais consumidos da atualidade. No entanto, a industrialização trouxe perdas: a padronização dos sabores e o distanciamento do cacau de sua origem. Há um paradoxo nisso tudo: enquanto a Costa do Marfim lidera como maior produtora de cacau do mundo, é o chocolate belga que carrega a fama de excelência.

Nos últimos anos, o movimento bean to bar tem apresentado nas embalagens e na publicidade, que mais do que chocolate, trata-se de um processo artesanal que valoriza a matéria-prima e os produtores, resultando em um produto com perfis sensoriais únicos, que refletem o terroir do cacau e a personalidade de quem desenvolveu.

No Ceará, marcas como Cacau do Ceará, Moa e Sereno Cacau já vêm explorando esse universo, fortalecendo a produção local. Agora, essa cena ganha uma nova marca com o lançamento da linha de chocolates Romanova, que acontece no dia 28 de março, às 14h, na Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco. O evento contará com a presença de Neyde Pereira, pesquisadora do Ciplac de Ilhéus, e Diógenes Abrantes, da Cacau do Ceará, em uma conversa sobre o chocolate bean to bar e seus impactos na cultura alimentar.

Mais do que um chocolate, a Romanova nasce como um gesto artístico moldado pelos saberes tradicionais, pela ciência e pelo terroir, como resultado da pesquisa desenvolvida na 7ª edição do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Gastronomia da UFC.

O cacau cultivado em Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, encontra ingredientes profundamente enraizados na cultura alimentar cearense, como o caju, a castanha e a farinha, compondo sabores originais. Uma linha de chocolates inspirada nos arabescos do Teatro José de Alencar, ícone do art nouveau em Fortaleza, unindo sabor e design para traduzir a riqueza sensorial e histórica do chocolate cearense. Uma experiência única para redescobrir o sabor do cacau.

No evento, será possível provar chocolates bean to bar e conhecer mais sobre essa produção.

E na Páscoa, um convite: que tal sair do óbvio e escolher chocolates de pequenos produtores?

 

Lançamento da linha de chocolates Romanova

Quando: sexta-feira, 28 de março, às 14 horas

Onde: escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (R. Manuel Dias Branco, 80 - Cais do Porto)

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