Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza
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A fala do governador Elmano de Freitas(PT) nessa terça-feira, 4, criticando a greve dos professores desagradou não apenas docentes e sindicatos, mas também parlamentares. À coluna, o deputado estadual Renato Roseno (Psol) saiu em defesa dos grevistas e classificou a fala do governador como “injusta e insensível". "Coloca a sociedade contra seus professores”, diz.
Roseno reage a fala de Elmano criticando a greve e afirmando que “não é justo professor (que ganha) de R$ 14 mil não dar aula para aluno que a família ganha R$ 1,4 mil”.
“A maioria dos professores está longe do teto. Até porque o Governo protela de maneira injustificada as ascensões dos professores. Há professores que esperam anos para ter direitos a suas promoções. Eu mesmo já fui inúmeras vezes à PGE com os sindicatos com listas de inúmeros processos parados que na prática faz com que os professores ganhem menos do que teriam direito”, afirma o parlamentar do Psol.
“Além disso, a greve não é somente salarial. É por infraestrutura, assistência estudantil e concurso. Eu estive ontem em vários campi da URCA. A situação é precaríssima em alguns campi. Há dezenas de disciplinas que foram canceladas na UECE por falta de professores. Ele deveria saber disso. Eu tenho todos esses fatos”, continua.
O deputado estadual denuncia o encerramento de 20 disciplinas por falta de professores no campus da Uece em Itapipoca. “Tudo isso está em todos os documentos entregues ao Governador”, diz.
O deputado estadual encerra fazendo um convite ao governador. “Eu convido o governador a sentar com os sindicatos e conhecer os campi com salas que não têm condições de uso, ouvir os relatos de professores pós-doutores que não ganham conforme sua titulação e ouvir generosamente as histórias de professores que tiram dinheiro do bolso para comprar insumos para dar aula”.
Tanto o Sindicato União dos Trabalhadores em Educação (Sindiute), quanto o Sinduece, criticaram a fala do governador. O Sindiute lançou uma moção de repúdio a Elmano.
Em nota, o sindicato expressou sua “indignação” pelo posicionamento contrário ao direito à greve por parte do governador. O Sindiute cobra que Elmano atenda às demandas dos grevistas.
“Os educadores cearenses lutam por melhores condições salariais e de trabalho, mas, sobretudo, em defesa da universidade pública, gratuita e socialmente referenciada”, diz trecho da nota.
Já o Sinduece classificou a fala do governador como “fake news” e acusou o gestor estadual de “distorcer informações que podem ser facilmente acessadas no Portal da Transparência”.
“Concordamos: não é justo os alunos ficarem sem aula! Por isso, governador, honre sua dívida com as professoras e professores para que retomemos as atividades”, diz trecho da nota.
Na manhã desta quarta-feira, 5, o governador disse estar aberto ao diálogo franco e respeitoso com os professores. Mas afirmou que não concorda com um movimento grevista “cujas motivações não se justificam, prejudicando milhares de estudantes”.
O governador salientou ter absoluto respeito e admiração pelos professores, mas voltou a destacar a média salarial de 14 mil reais dos professores do Ensino Superior estadual.
Em pesquisa no Portal da Transparência, considerando professores ativos das Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade do Vale do Acaraú (UVA) e da Universidade Regional do Cariri (URCA), foi possível constatar que apenas 11,5% dos professores receberam, na folha de abril, um valor líquido acima de 14 mil reais.
Dos 1627 professores que estão na folha de pagamento disponibilizada no portal, 188 receberam um valor líquido - o que chega ao bolso de fato, desconsiderando descontos - de R$14 mil ou mais.
Considerando o valor bruto, cerca de 59% dos docentes recebem um valor bruto acima dos R$14 mil. No entanto, do valor total é descontado imposto de renda e previdência, além de outros encargos. Com isso, cerca de um terço do salário bruto é descontado.
Por Yuri Gomes - Especial para O POVO
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