
Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza
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O senador Cid Gomes (PSB-CE) voltou nesta terça-feira, 22, a fazer duras críticas contra a política de juros mantida hoje pelo Banco Central do Brasil. A análise, que chegou a classificar a prática como “uma mamata”, ocorreu mesmo diante de participação de Gabriel Galípolo, presidente do BC, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
“Eu estou absolutamente incomodado com a ausência de debate sobre a política monetária do nosso país. Até aqueles mais resistentes, como o próprio presidente Lula, que era uma voz que criticava a política de juros, silenciaram”, disse o senador, que criticou “mediocridade” do uso da taxa de juros como “único instrumento” para controle da inflação.
Neste sentido, Cid reforça tese de que altas taxas de juros praticadas hoje são um “incentivo ao rentismo” e um “desestímulo a quem se dispõe a investir”. “O Brasil tem hoje uma dívida pública de R$ 9 trilhões. Há uma taxa de juros projetada de 14,5%, em média, nesse ano, e que depois passará de 15%. Olha onde é que nós estamos, para combater uma inflação de 5%”, criticou o senador.
“Isso dá uma lucratividade, de ganho para gente que bota até 10% de lucro só com juros. Qual é a atividade econômica nesse país que dá com segurança uma remuneração de 10%? Talvez vender cocaína, mas com muito mais risco. Sem risco nenhum, 10% livre, isso é, senhor presidente, uma mamata. Uma mamata das grandes, que a elite brasileira teima em arrumar termos bonitos, arrumar argumentos sofisticados, para justificar”, continua.
Neste sentido, o senador critica “estratégias” que seriam criadas pelas elites para manter a política de lucro para menor percentual da população. “Quando nós tivemos aqui inflação de 6.000% ao ano, a elite não tinha preocupação, porque havia a famigerada correção monetária e seus patrimônios financeiros estavam assegurados”, afirma.
“A inflação prejudicava o pobre, que ganhava R$ 100 no início do mês e no final recebia R$ 30. Já para investidores, para o famoso mercado, tinha correção. Por isso que convivemos tão bem com inflação alta, porque se a elite estive perdendo não duraria nem dois meses. Teria caído presidente, caído Congresso, teria acontecido o que fosse”, continua.
Para o senador, “reiniciar” o debate no País sobre o tema seria fundamental para evitar um colapso da economia diante da escalada da dívida pública. Neste sentido, Cid chegou a sugerir o envio de informações pelo Banco Central de compra e venda de dólares pela instituição nos últimos dois anos, para evitar o “sequestro” de políticas públicas do banco por parte de setores interessados em “tirar proveito” de situações prejudiciais para o País.
“Essa mamata do juro alto, que só favorece a quem tem capital, chegou ao ponto que o empresário brasileiro está em uma esquizofrenia, não sabe se especula ou investe, porque tem muita dificuldade para investir, mas para especular sobra facilidade. Não faltam empresários que resolveram aplicar todo o seu dinheiro e viver de renda”, diz Cid.
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