Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e vice-presidente da Academia Cearense de Administração (Acad)
Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e vice-presidente da Academia Cearense de Administração (Acad)
Em alguns momentos, neste espaço, falamos sobre questões como tolerância, qualidade que vimos negligenciando há muito tempo, parecendo agravar-se constantemente.
Digo isso com tristeza, pois vejo um mundo que parece se tornar menos humano a cada dia, aumentando a insensibilidade e a dependência de bens não essenciais e de comportamentos que não condizem com os ensinamentos que recebemos das religiões: os do amor ao próximo.
É fato que também proliferam, com menos barulho, ações de abnegados que buscam aliviar o sofrimento de tantos que não têm o suficiente em alimentos, saúde, segurança e moradia, o mínimo que uma criatura humana merece ter.
O que mais deveria chocar a cada um de nós é que as riquezas materiais estão crescendo em uma espiral perversa e sendo acumuladas por um número sempre menor de pessoas que desfrutam dos mesmos direitos, mas podem pagar por eles.
Segundo estudo do Comitê de Oxford para Alívio da Fome (Oxfam), a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo passou de 405 bilhões de dólares, em 2020, para 869 bilhões de dólares, em 2023.
São fortunas crescentes, mas estáticas, isto é, não circulam em benefício de todos. E os bilionários controlam cada vez mais empresas, pressionam os governos para redução de impostos e os empregados para maiores esforços, e emitem tanta poluição de carbono quanto os dois terços mais pobres.
O que fazer? Da parte dos mais pobres, altivez na defesa dos seus direitos, mesmo enfrentando situações desiguais. Nós, de um patamar um pouco acima, a consciência dessas diferenças e a busca de a elas fazermos frente.
Já os afortunados poderiam dispor de uma pequena parcela de suas fortunas em apoios a projetos sociais, o não lhes faria qualquer diferença. Afinal, ainda conforme a Oxfam, se cada um dos cinco homens mais ricos do mundo gastasse um milhão de dólares por dia, seriam 476 anos para esgotar suas fortunas, enquanto, no ritmo atual, levaríamos 230 anos para erradicar a pobreza.
Pensar apenas, não resolve. Mas agir como aquele pequeno pássaro que atacava um incêndio com as gotas de água que podia levar no bico, ajuda, sim.
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