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Ceará tem 40% de chances de chuvas dentro da média em abril, maio e junho, aponta Funceme
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Ceará tem 40% de chances de chuvas dentro da média em abril, maio e junho, aponta Funceme

No trimestre anterior, o prognóstico era de 45% de chances de chuvas abaixo da média, o que não se confirmou. Enfraquecimento do El Niño aponta para cenário de chuvas dentro da média entre abril e junho
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ENTRE fevereiro e março choveu 464,1 milímetros (mm), 41,6% acima da normal histórica  (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo ENTRE fevereiro e março choveu 464,1 milímetros (mm), 41,6% acima da normal histórica

Diferente do prognóstico do primeiro trimestre da quadra chuvosa, no qual a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apontava cenário negativo mais provável, a previsão para abril-maio-junho é majoritariamente positiva.

Novo prognóstico climático divulgado na manhã dessa segunda-feira, 8, aponta 40% de probabilidade de chuvas dentro da média. Abril e maio são os dois últimos meses de quadra chuvosa, enquanto junho costuma recebe precipitações pós-quadra. 

Tanto as chances de precipitações abaixo da normal quanto aquelas acima da normal são de 30%. Os modelos de previsão ainda apontam para uma tendência de alta variabilidade temporal e espacial das chuvas entre os meses de abril e maio, conforme a Funceme.

Caso se confirme uma quadra chuvosa dentro da média, o Ceará completará o sétimo ano sem seca, depois de um período de cinco anos com poucas chuvas. Atualmente, os açudes estão no melhor nível para esta época do ano desde 2012, primeiro ano da mais longa seca da história do Estado.

No prognóstico de fevereiro a abril, havia 45% probabilidade de chuvas abaixo da média. Até agora, com dois meses já encerrados, dados preliminares da própria Funceme apontam que as chuvas devem ficar entre a média ou acima dela. No bimestre fevereiro–março choveu 464,1 milímetros (mm), 41,6% acima da normal histórica de 327,8 mm. 

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Também segundo dados preliminares da Funceme, abril começou com um volume significativo de chuvas. Em oito dias, choveu 74 mm, o equivalente a 39% da normal histórica para todo o mês. Para o trimestre fevereiro a abril, a faixa considerada em torno da média é de 439,4 mm a 597,6 mm. Atualmente, com dados ainda em atualização, o trimestre acumula 538,1 mm, bem próximo do esperado para todo o trimestre, 518,5 mm.

A mudança entre prognóstico e realidade ocorreram, segundo a Funceme, em função da atuação do El Niño no Nordeste, que aumenta a tendência de estiagem no Ceará. As condições observadas, porém, mostraram favorecimento do enfraquecimento desse evento — que chegou a ser classificado como um "Super El Niño".

“A análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala mostram ainda condições de El Niño no Pacífico Equatorial, com padrão de anomalias positivas, porém com menores magnitudes em relação aos meses anteriores, mas ainda assim, indicando a atuação do fenômeno”, aponta o documento.

Já os ventos próximos à superfície e em altos níveis “apresentam fracas condições de acoplamento entre oceano e atmosfera”.

“Em subsuperfície (entre 0 e 300 metros de profundidade), ainda no oceano Pacífico, são observadas áreas com águas mais frias do que a média, essas estão aflorando na parte mais a leste, próximo à costa da América do Sul, o que favorece o enfraquecimento desse evento de El Niño”, diz a nota técnica da Funceme.

Meteorologista da Funceme, Meiry Sakamoto aponta que o efeito do El Niño foi sentido até na temperatura atmosférica do Estado, que esteve até 2°C acima do que a média, mas que o aquecimento também do oceano Atlântico aumentou as incertezas do quadro climatológico. Segundo ela, esse cenário ainda prevalece e é considerado "muito fora do normal".

Segundo ela, essa condição permitiu a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal indutor pluviométrico no Estado, trazendo "aquelas boas chuvas da segunda quinzena de fevereiro e em março". A meteorologista acrescenta ainda que mesmo dentro de um cenário de chuvas dentro da média, a distribuição das chuvas pode não ser a ideal. Em março, por exemplo, algumas localidades no Sertão Central e Inhamuns não atingiram a quantidade esperada. (Com Amanda Araújo e Gabriela Monteiro / Especial para O POVO)

Chuva acumulada por mês no Ceará (quadra chuvosa)

Fevereiro - 230,5 mm (90,1% acima da média)

Março - 233,6 mm (13,1% acima da média)

Abril (até o dia 8) - 74 mm (61,2% abaixo da média para a totalidade do mês)

 

Açude Edson Queiroz abastece o município de Santa Quitéria e sangrou pela última vez em 2011. O açude tem uma das maiores capacidades entre os que estão sangrando no Estado
Açude Edson Queiroz abastece o município de Santa Quitéria e sangrou pela última vez em 2011. O açude tem uma das maiores capacidades entre os que estão sangrando no Estado

Quatro açudes sangram após uma década sem atingir a capacidade máxima

Quatro açudes do Ceará atingiram a capacidade máxima no último fim de semana após mais de uma década sem sangrar. Atualmente, o Estado conta com 51 açudes sangrando, segundo dados do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), extraídos às 12h14min dessa segunda-feira, 8.

Dos açudes em sangria, estavam há mais de uma década sem atingir a capacidade máxima os açudes Poço do Barro (Morada Nova), Carmina (Catunda), Caxitoré (Umirim) e Edson Queiroz (Santa Quitéria). 

O açude do Poço do Barro tem volume máximo de 52 milhões de metros cúbicos (m³) e estava desde julho de 2009 sem ultrapassar esse número. De acordo com a Cogerh, o açude tem importância para a perenização do riacho Livramento, em um trecho de cerca 45 quilômetros (km), para irrigação e para dessedentação animal.

Os açudes Carmina (13,1 milhões de m³), da Bacia do Acaraú, e Caxitoré (202 milhões de m³), da Bacia do Curu, ultrapassaram o volume total após 15 anos.

Já o açude Edson Queiroz, que abastece o município de Santa Quitéria e outros distritos próximos, sangrou pela última vez em 2011. O açude conta com capacidade de 254 milhões de m³ e tem uma das maiores capacidades entre os açudes que estão sangrando no Estado. 

Com o aumento do número de açudes em sangria, o Ceará passa a ter 49% da capacidade hídrica preenchida. Ao todo, 157 açudes cearenses são monitorados pela Cogerh.

Dentre as bacias, as do Litoral (99,72%), Coreaú (98,44%) e Acaraú (94,39%) registram os maiores percentuais de água acumulada. Porém, a região de Sertões de Crateús (21,79%) segue em alerta, com volume abaixo de 30% da capacidade.

Veja quais açudes estão sangrando no Ceará:

Acaraú Mirim (Massapê);
Arrebita (Forquilha);
Carmina (Catunda);
Edson Queiroz (Santa Quitéria);
Forquilha (Forquilha);
Jenipapo (Meruoca);
São Vicente (Santana de Acaraú);
Sobral (Sobral);
Caldeirões (Saboeiro);
Fogareiro (Quixeramobim);
Poço do Barro (Morada Nova);
Quixeramobim (Quixeramobim);
São José I (Boa Viagem);
Umari (Madalena);
Angicos (Coreaú);
Diamante (Coreaú)
Diamantino II (Marco);
Gangorra (Granja);
Itaúna (Granja);
Tucunduba (Senador Sá);
Várzea da Volta (Moraújo);
Desterro (Caridade);
Frios (Umirim);
Itapajé (Itapajé);
Jerimum (Irauçuba);
São Domingos (Caridade);
São Mateus (Canindé);
Tejuçuoca (Tejuçuoca);
Gameleira (Itapipoca);
Gerardo Atimbone (Sobral);
Missi (Miraíma);
Patos (Sobral);
Poço Verde (Itapipoca);
Quandú (Itapipoca);
Santa Maria de Aracatiaçu (Sobral);
Santo Antônio de Aracatiaçu (Sobral);
São Pedro Timbaúba (Miraíma);
Ema (Iracema);
Acarape do Meio (Redenção).
Aracoiaba (Aracoiaba);
Batente (Ocara)
Catucinzenta (Aquiraz);
Cauhipe (Caucaia);
Germinal (Palmácia);
Itapebussu (Maranguape);
Pacajus (Chorozinho)
Pesqueiro (Capistrano)
Tijuquinha (Baturité);
Rosário (Lavras da Mangabeira);
Do Batalhão (Crateús);
Sucesso (Tamboril).

 

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