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Os dez açudes da região hidrográfica do Litoral do Ceará estão sangrando, aponta monitoramento da Cogerh
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Os dez açudes da região hidrográfica do Litoral do Ceará estão sangrando, aponta monitoramento da Cogerh

Quarto maior dos dez reservatórios da bacia, o Mundaú, em Uruburetama, chegou a 100% da capacidade nessa terça-feira, 10
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AÇUDE Mundaú, em Uruburetama, também sangrou no ano passado (Foto: Via Whatsapp O POVO)
Foto: Via Whatsapp O POVO AÇUDE Mundaú, em Uruburetama, também sangrou no ano passado

O açude Mundaú, em Uruburetama, município localizado a 119,5 km de Fortaleza, chegou a 100% da capacidade entre a noite de segunda-feira, 8, e madrugada dessa terça. Com isso, todos os dez reservatórios da região hidrográfica do Litoral monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) estão sangrando no momento. A informação foi atualizada no Portal Hidrológico, atualizado pela Companhia e pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Com capacidade de 21,3 hectômetros cúbicos Um hectômetro cúbico equivale a 1 bilhão de litros (hm³), o Mundaú é o quarto maior entre os dez açudes da região hidrográfica e era o único que não estava sangrando desde a semana passada. A última vez que ele verteu foi em junho do 2023. Ao todo, 52 reservatórios chegaram a 100% da capacidade nesta quadra chuvosa, até essa terça-feira, 9.

Em 2023, apesar da boa quadra chuvosa, nem todos os reservatórios do Litoral chegaram a 100% da capacidade. Isto porque o Santa Maria de Aracatiaçu, em Sobral, chegou no máximo a 32%.

Apesar do registro curioso de uma região hidrográfica em 100% do potencial, o Litoral é a de terceira menor capacidade entre as 12 em que se divide o Estado. Somados, os dez açudes acumulam 181,83 hm³ — equivalentes a 2,7% do que cabe apenas no Castanhão (Alto Santo / Jaguaribara), maior reservatório da América Latina. Ainda assim, cada barragem tem diferentes importâncias localizadas, sendo essenciais para diferentes comunidades.

A maior região hidrográfica do Estado é a do Médio Jaguaribe, na qual o Castanhão se insere. Ela está com 2.237,03 hm³, ou 30,34% da capacidade. As duas menores são Baixo Jaguaribe (22,1 hm³), formada apenas pelo Santo Antônio de Russas, no município homônimo; e a da Serra da Ibiapaba (140,33 hm³), que se resume ao Jaburu I, em Ubajara. Vale ressaltar que o Ceará tem ainda dezenas de milhares de barragens particulares, de menor porte.

Ao todo, os 157 açudes monitorados do Ceará estão em 49,5% da capacidade hídrica. Este é o melhor resultado desde julho do ano passado. No mesmo período de 2023, o volume era 45,9%.

Este cenário vem de uma quadra chuvosa que está revertendo prognósticos. A Funceme previa 45% de chance de chuvas abaixo da média considerada normal para o período, mas tanto fevereiro, quanto março mostraram resultado positivo.

No primeiro mês chuvoso, foi registrado quase o dobro da normal histórica. Foram 230,6 milímetros (mm) de precipitação ante média de 121,3 mm, o que perfaz desvio positivo de 90,1%. Já em março, tradicionalmente o mês de maior índice pluviométrico no Ceará, choveu 233,2 mm, 12,9% a mais do que os tradicionais 206,5 mm.

Segundo dados preliminares da Funceme, em nove dias choveu 79,1 mm em abril, o que já representa mais de 40% da normal histórica de 190,7 mm. O mais recente prognóstico da Fundação, voltado ao trimestre abril a junho, estima em 40% da chance de chuvas dentro da média, 30% de probabilidade de serem acima do tradicional e 30% de serem aquém.

Com a chuva acumulada na quadra chuvosa deste ano, entre 1º de fevereiro e 9 de abril, os reservatórios receberam aporte acumulado de 2.300 hm³, indo de 6.871 hm³ para 9.170 hm³. Essa quantidade de água seria suficiente para encher qualquer açude do Brasil — com exceção do Castanhão.


Volume atual das 12 regiões hidrográficas do Ceará

  • Acaraú - 95,3%
  • Alto Jaguaribe - 56,71%
  • Baixo Jaguaribe - 88,22%
  • Banabuiú - 40,52%
  • Coreaú - 98,78%
  • Curu - 57,7%
  • Litoral - 100%
  • Médio Jaguaribe - 30,34%
  • Metropolitana - 73,51%
  • Salgado - 66,6%
  • Serra da Ibiapaba - 68,2%
  • Sertões de Crateús - 21,87%

Total - 49,5% (9.171 hm³ de 18.513,3 hm³)

Fonte: Portal Hidrológico.

Açude Edson Queiroz, de 254 hm³ de capacidade, sangrou pela primeira vez desde 2011 neste domingo, 7
Açude Edson Queiroz, de 254 hm³ de capacidade, sangrou pela primeira vez desde 2011 neste domingo, 7

Em 48 horas, três açudes com mais de 200 hm³ atingem capacidade máxima

Até o início do fim de semana passado, o maior açude sangrando no Ceará era o Aracoiaba, no município de mesmo nome, com 100% de carga dos seus 163 hectômetros cúbicos Um hectômetro cúbico equivale a 1.000.000.000 litros de água  (hm³). De lá para cá, três açudes maiores, todos com mais de 200 hm³ de capacidade, passaram a verter no Estado.

Dois foram ainda no domingo e em macrorregiões bem distintas. Ainda durante a madrugada, na região hidrográfica de Acaraú — uma das mais cheias desta quadra chuvosa —, o açude Edson Queiroz, em Santa Quitéria, sangrou pela primeira vez desde junho de 2011. Ele foi um dos quatro reservatórios a voltar a verter após mais de dez anos.

O reservatório de 254 hm³ é particularmente importante para a economia, não só por abastecer o entorno, como por poder ter a água usada na exploração de urânio, nas minas no limite do município com Itatira.

Também no domingo passado, mas na região Metropolitana, o Pacajus, em Chorozinho, com pouco mais de 254 hm³, voltou a sangrar após um ano. 

Já na última segunda-feira, 8, foi a vez do Caxitoré, em Umirim, na região do Vale do Curu. Ele tem capacidade para 202 hm³ de água. Só esses três açudes, somados, acumulam 710 hm³. Para se ter ideia, essa quantidade de água seria suficiente para encher 284 mil piscinas olímpicas de 2 metros de profundidade.

Estes três açudes de porte grande devem ser superados em breve por um dos maiores do Estado. O Araras, em Varjota — quarto do Ceará em capacidade, com 859 hm³ — chegou a 98,35% de volume. Sozinho, ele suplanta o acumulado dos outros três.

Ao todo, 52 dos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) no Ceará estão sangrando, pouco depois da metade da quadra chuvosa, que vai de fevereiro a maio. Ao todo, a capacidade hídrica do Estado estava em 49,3%, de acordo com a Resenha Diária da Companhia na segunda-feira, 8.

O cenário tende ligeiramente a se manter e até melhorar, em vista de que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) estima em 40% de chances de chuvas dentro da média histórica entre os meses de abril, maio e junho.

 


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