O Ceará terá em abril o terceiro mês consecutivo de cenário positivo de chuvas. Depois de um fevereiro com índices pluviométricos 90% acima da normal histórica e um março com ainda mais registros de precipitação, o Estado tem agora a um abril que fechará, no mínimo, dentro da média.
Em 21 dias, já choveu 190,3 milímetros (mm), segundo dados preliminares da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A cifra está dentro do faixa em torno da média e apenas 0,2% abaixo da normal histórica para os 30 dias do mês, de 190,7 mm.
O cenário positivo do “inverno” cearense contrasta com a prognóstico negativo que se desenhava com a presença de um “super-El Niño” neste ano. O aquecimento do Pacífico foi contrabalançado pela elevação nas temperaturas do Atlântico, a qual teve influência positiva na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e aumentou as incertezas na quadra chuvosa local, segundo a Funceme.
O que se viu, então, foi um prognóstico de 45% de chance de chuvas abaixo da média para o trimestre de fevereiro a abril se confirmar como os minoritários 15% de probabilidade de precipitação acima do esperado.
A normal climatológica para os três meses é a média de 518,5 mm e já choveu, de acordo com dados preliminares da Funceme, o suficiente para alcançar o nível médio de 654,4 mm no Estado.
A cifra é 7,2% maior do que a média histórica para os quatro meses de quadra chuvosa: 609,2 mm.
O cenário positivo do trimestre pode ser medido em diferentes cidades. Barroquinha, no limite entre Ceará e Piauí, registrou 1943,5 mm de chuva, maior marca entre os 184 municípios do Ceará. O número já é mais que o dobro do esperado para os quatro meses chuvosos, com desvio de 116,9% em relação ao normal entre fevereiro e maio.
Fortaleza é a quarta com mais precipitação, em números absolutos. Foram 1.224,6 mm entre fevereiro e 21 de abril, de acordo com dados preliminares da Funceme. A cifra é 14,2% a mais do que a média histórica de quadra chuvosa.
Ao todo, 151 dos 184 municípios cearenses já superaram o volume normal para todo o quadrimestre no Ceará.
O resultado é quase todo uniforme nos territórios cearenses. Dez das 12 regiões hidrográficas já registram chuvas acima da média para o trimestre (fevereiro, março, abril), enquanto as duas demais (Serra de Ibiapaba e Sertão de Crateús) estão acima da normal histórica.
O cenário se traduz em açudes sangrando e a capacidade hídrica do Estado atingindo margem confortável na maior parte do Estado. Atualmente, 69 dos 157 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) estão vertendo.
Na média, as barragens chegaram a 54% do volume potencial neste domingo. É a melhor marca desde meados de setembro de 2012, primeiro ano daquela que se confirmou como a mais longa seca da história do Ceará.
Neste mês, a Funceme divulgou um segundo prognóstico — este voltado ao trimestre abril, maio e junho. Segundo a Fundação, a tendência é de 40% de probabilidade de chuvas dentro da média histórica, cenário este que estenderia por mais alguns dias o bom momento hídrico do Ceará.
Abril costuma ser o segundo mês mais chuvoso do ano no Ceará, enquanto maio tende a mostrar desaceleração no volume pluviométrico. Já junho faz parte da chamada “pós-quadra chuvosa”, com cifras geralmente menores.
Chuvas: 69 açudes estão sangrando no Ceará; veja quais
Quatro açudes sangraram entre a noite de sexta-feira, 19, e a tarde deste domingo, 21. Com isso, o Ceará chegou a 69 reservatórios com 100% da capacidade neste ano, entre os 157 monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). São seis a mais do que o número de barragens que vertiam no Estado na mesma época do ano passado.
Os açudes que encheram mais recentemente foram o Macacos, em Ibaretama; o Junco, em Granja; o Jatobá II, em Ipueiras; e o Tijuquinha, em Baturité — que já havia sangrado entre 10 de março e 17 de abril.
Dos quatro, o maior é o Macacos, com capacidade para 13,2
Além dos 69 açudes vertendo, outros 13 estão com mais de 90% de volume acumulado e podem sangrar em breve. Os maiores entre eles são o Sítios Novos, em Caucaia, e o Ayres de Sousa, em Sobral.
Ao todo, o Ceará está em 54% da capacidade hídrica, tendo 10.003,9 hm³ do volume total potencial de 18.512,8 hm³ nos 157 reservatórios públicos monitorados pela Cogerh.
Grande parte desse volume está nos maiores açudes do Estado. O Castanhão, em Alto Santo/ Jaguaribara e o Orós, na cidade homônima, acumulam mais de 36% de toda a água reservada do Ceará.
O maior açude da América Latina tem apenas 33,19% de carga, mas isso equivale a 2.223,81 hm³. Já o segundo maior do Brasil foi a 71,46% do volume, com 1.386,42 hm³. Eles estão no melhor nível em cerca de 10 anos. Terceiro de maior porte no Estado, o Banabuiú, em Banabuiú, tem 41,06% de capacidade.
O Ceará é dividido em 12 regiões hidrográficas. Segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos, apenas uma dela, os Sertões de Crateús, está em nível crítico, em 24,28% do potencial.
Duas regiões, Litoral e Baixo Jaguaribe, estão com todos os açudes sangrando (100%). Outras duas, Médio Jaguaribe e Banabuiú, ainda inspiram atenção por estarem abaixo de 50%, com 33,95% e 43,34%, respectivamente.