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Braço de facção no Ceará teria movimentado R$ 300 milhões com jogos de azar
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Braço de facção no Ceará teria movimentado R$ 300 milhões com jogos de azar

| INVESTIGAÇÃO | Parentes do chefe-mor do PCC foram alvos da operação deflagrada pela Ficco em quatro estados
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Foto: Divulgação/PF MATERIAL do "Jogo do Bicho" foi apreendido durante a operação

Uma operação policial foi deflagrada nessa quarta-feira, 24, mirando um braço da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que passou a investir na exploração de jogos de azar no Ceará, além de outras atividades criminosas, como tráfico de drogas e armas. Conforme a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará (Ficco/CE), foram identificadas movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 300 milhões nas contas dos investigados.

Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 36 mandados de busca e apreensão em endereços de 13 cidades de quatro estados — Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. No Ceará, as ordens judiciais foram cumpridas em Fortaleza, Sobral (Região Norte do Estado), Acaraú (Litoral Norte), Jucás (Centro-Sul), Beberibe (Litoral Leste), Acopiara (Maciço do Baturité), Brejo Santo e Juazeiro do Norte (ambos no Cariri Cearense). Além disso, foram sequestrados 42 veículos dos investigados.

Entre os alvos da operação estavam Francisca Alves da Silva e Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho, cunhada e sobrinho, respectivamente, de Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", apontado como maior chefe do PCC. Leonardo Alexander foi preso em Itajaí/SC, enquanto Francisca, em Arujá/SP. O nome dela chegou a ser colocada na Lista de Difusão Vermelha, da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) por Francisca ter mantido residência recente na Argentina.

Ela é esposa e Leonardo, filho de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o "Marcolinha", preso em 2016 no bairro Sapiranga, em Fortaleza, também por integrar a cúpula da facção paulista. Marcolinha foi apontado por fontes da inteligência das forças de segurança do Estado como um dos articuladores do processo de expansão do PCC no Ceará a partir de meados de 2015, assim como da "pacificação" entre as facções no Estado registrada em 2015 e 2016.

Além dos familiares dos chefes do PCC, a operação também prendeu dois policiais militares cearenses suspeitos de pertencerem ao "núcleo logístico" da organização. Os PMs seriam encarregados da segurança de pontos de "Jogo do Bicho", uma das atividades clandestinas exploradas pelo grupo. A lavagem do dinheiro ilegalmente era realizada através de uma loteria esportiva administrada pela organização criminosa.

A operação de ontem foi batizada como Primma Migratio, justamente, pelo processo de migração da "estrutura gerencial" que a organização criminosa teve, de São Paulo para o Ceará. Conforme o delegado federal Igor Conti, da Ficco, a investigação foi iniciada há dois anos.

"Hoje (ontem), ao longo das investigações, no cumprimento desses mandados, nós conseguimos arrecadar materiais e elementos que vão ser sopesados ao longo das investigações", afirmou. "Nós conseguimos também apreender uma quantidade significativa de valores em espécie, aproximadamente, R$ 100 mil, mas ainda estamos em contabilização". Relógios e joias também foram apreendidos.

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