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Fortaleza contabiliza redução de 58,4% no número de mortes no trânsito em nove anos
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Fortaleza contabiliza redução de 58,4% no número de mortes no trânsito em nove anos

Em 2023, os motociclistas representaram mais da metade das mortes por acidentes de trânsito, com 52,2% das ocorrências
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AVENIDA Coronel Carvalho foi a que mais reduziu mortes no trânsito (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo AVENIDA Coronel Carvalho foi a que mais reduziu mortes no trânsito

Nos últimos nove anos, Fortaleza contabilizou uma redução de 58,4% no número de mortes por acidentes de trânsito. Segundo estudo realizado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), em 2014, ano que marca o início da tendência de redução da mortalidade no trânsito, foram registrados 377 óbitos. Já em 2023, foram contabilizadas 157 mortes nas vias da Cidade.

De acordo com a AMC, o maior percentual de queda de óbitos durante o período foi de ocupantes de veículos quatro rodas, com diminuição de 96,7%. Os ciclistas apresentam segunda maior redução (60,6%), seguidos pelas fatalidades com pedestres (57,4%) e as mortes de motociclistas (41,8%)

Apesar da expressiva redução dos últimos nove anos, a análise da série histórica de acidentes fatais no trânsito de Fortaleza revela que, entre os anos de 2022 e 2023, houve a diminuição de apenas um óbito. Dessa forma, o índice configura em estabilidade.

Confira os índices de mortalidade no trânsito em Fortaleza:

2013: 358 mortes
2014: 377 mortes
2015: 316 mortes
2016: 281 mortes
2017: 256 mortes
2018: 226 mortes
2019: 198 mortes
2020: 193 mortes
2021: 184 mortes
2022: 158 mortes
2023: 157 mortes

Fonte: Arquivo O POVO e Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC)

Em 2023, os usuários de motocicletas representaram mais da metade das mortes, liderando a estatística com 52,2%. Em seguida vêm os pedestres (38,2%), ciclistas (8,3%) e ocupantes de automóvel (1,3%). Dentre as vítimas, a maioria é do sexo masculino, na faixa etária compreendida entre 30 e 59 anos.

Para o doutor em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mário Angelo Azevedo, a estatística mostra uma melhora considerável no tráfego de Fortaleza. “No início da década passada tínhamos mais de uma morte no trânsito por dia. No entanto, sempre há espaço para melhorias, já que o ideal é alcançar zero óbitos”, comenta o especialista.

O professor pontua que é crucial investir na melhoria da engenharia do tráfego, por meio de sinalizações, por exemplo; e em campanhas educativas. “Sempre existe uma maneira correta de se comportar, seja ao dirigir um carro, pilotar uma moto ou atravessar a rua. Infelizmente, muitas pessoas não seguem essas regras, especialmente ao trafegar com excesso de velocidade e sem os equipamentos de segurança necessários”, pontua Mário Angelo.

Para o especialista, embora algumas pessoas reprovem o método punitivo no trânsito, por meio das multas, esse conceito tem se mostrado preventivo o método mais eficaz. “Lógico que tem o fator risco de vida, mas as fiscalizações e as multas são consideradas a maneira que mais dói na população e isso tem coagido a boa conduta no trânsito”, conclui o professor da UFC.

Avenida Coronel Carvalho apresentou maior redução, diz AMC 

De acordo com a AMC, a via que apresentou maior declínio nos casos de morte no trânsito foi a avenida Coronel Carvalho, que percorre os bairros Vila Velha e Barra do Ceará. Em 2014, o trajeto chegou a registrar seis óbitos. Já em 2023 esse número caiu para uma morte.

Trabalhando há seis anos em um posto de combustível ao lado da avenida, o frentista Alejandro Tomaz constata que, de fato, o número de acidentes reduziu no trajeto. “Aqui realmente era complicado antes, tinha muita batida. Acho que, principalmente, o que ajudou foi terem colocado os fotosensores nos dois sentidos e tirar o retorno que tinha aqui”, diz o frentista, se referindo ao espaço na altura da rua Treze Rockdale.

Além dos fotosensores, o trajeto também conta com número considerável de semáforos e placas informando a velocidade da via, que também foi reduzida para 50km/h.

Morando desde que nasceu no Vila Velha e percorrendo diariamente a avenida Coronel Carvalho, o motorista por aplicativo Pedro Henrique, 35, comenta, contudo, que é costume presenciar casos de imprudência na Av. Coronel Carvalho.

"Em horário de pico aqui fica muito movimentado e é comum as pessoas não respeitarem a sinalização. Principalmente na altura da praça [Marcelo Prestes de Queirós] onde tem um cruzamento e é o final de várias rotas de ônibus. Os motoristas e motociclistas sempre avançam e é um grande risco", concluiu o motorista por aplicativo. 

Cenário de mortalidade de trânsito no Nordeste

Em comparação a outras capitais do Nordeste, Fortaleza está entre as quatro que menos registram acidentes de trânsito fatais. As informações, referentes ao ano de 2022 e divulgadas em dezembro de 2023, são extraídas do Painel de Óbitos no Trânsito Brasileiro. A iniciativa é realizada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária e utiliza dados consolidados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do DATASUS.

Ranking de estados do Nordeste com maior número de óbitos por sinistros de trânsito em 2022:

  1. Teresina (PI) 147 mortes
  2. Salvador (BA) 142 mortes
  3. São Luís (MA) 128 mortes
  4. Recife (PE) 114 mortes
  5. Maceió (AL) 107 mortes
  6. Fortaleza (CE) 102 mortes
  7. João Pessoa (PB) 99 mortes
  8. Aracaju (SE) 73 mortes
  9. Natal (RN) 55 mortes

Fonte: Painel de Óbitos no Trânsito Brasileiro

O POVO constatou, no entanto, que os dados do Painel registram uma subnotificação. Isso porque, segundo a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) de Fortaleza, foram 158 mortes em decorrência de acidentes de trânsito em 2022, ao invés das 102 apontadas pelo registro do DataSUS. Dessa forma, é possível que as demais capitais também apresentem divergências no número de mortes registradas pela plataforma.

Ações como reforço na educação e fiscalização preventiva ajudam na melhoria

De acordo com o superintendente da AMC, Antônio Ferreira da Silva, a diminuição no índice de mortalidade decorre de iniciativas da Prefeitura de Fortaleza, que nos últimos nove anos, tem promovido ações que reforçam a educação para o trânsito, bem como a fiscalização preventiva e a melhoria na infraestrutura urbana.

“O próprio Plano Municipal de Segurança no Trânsito, sancionado pelo prefeito em junho de 2022, também garante que Fortaleza continue reduzindo os acidentes fatais e lesões no nosso trânsito. Ano a ano, Fortaleza vem reduzindo os acidentes fatais em função, justamente, desse conceito de sistema seguro, que é o plano municipal de segurança no trânsito”, pontuou Antônio.

O superintendente acrescentou que, para que os índices de mortes no trânsito diminuam em mais de 50% até o ano de 2030, é necessário que os dados de 2021 a 2030 apresentem uma redução de 6,5%. Nos anos de 2021 e 2022, o número de mortes caiu em 7.5 pontos percentuais, acima da média anual.

Por este mesmo mesmo viés estatístico, ele reforça que a taxa de óbito por 100 mil habitantes chegou a 15.2, mas que reduziu para 7.8 este ano. Apesar da diminuição, a estimativa é que, em 2030, o número seja de apenas 3.4.

No que tange à prevenção de acidentes fatais no trânsito, o titular mencionou que a prática de um novo desenho urbano e readequação da velocidade foram fatores essenciais na redução de acidentes fatais.

Quando questionado a respeito dos acidentes fatais envolvendo motociclistas, Antônio reforçou que a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) converge a atenção aos usuários mais vulneráveis, como pedestres e motociclistas. Para esta última categoria são oferecidos cursos gratuitos de pilotagem segura.

“A gente está sempre chamando a atenção porque, realmente, os maiores cuidam dos menores. Então, temos em Fortaleza, na AMC, o curso de pilotagem segura para motociclista”, seguiu. “Na parte prática do curso a gente aborda muito essa questão dos equipamentos de proteção individual, por exemplo, como ajustar corretamente o capacete e a viseira". 

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