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PM condenado pela Chacina do Curió é acusado de fraude nos EUA
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PM condenado pela Chacina do Curió é acusado de fraude nos EUA

Antônio José de Abreu Vidal Filho teria mentido durante processo de obtenção do visto ao afirmar que não era acusado ou condenado por crime no Brasil. Ele nega ilegalidades
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ONZE pessoas foram mortas na Chacina do Curió (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal ONZE pessoas foram mortas na Chacina do Curió

Um dos policiais militares condenados pela Chacina da Grande Messejana, também conhecida como Chacina do Curió, foi denunciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos no último dia 29 de maio. Antônio José de Abreu Vidal Filho, de 30 anos, é acusado de mentir durante o processo de obtenção do visto para entrar e permanecer nos EUA.

O agora ex-PM nega a acusação. Em audiência na Justiça Federal dos EUA, ele afirmou não ter mentido no processo de obtenção do visto, pois não havia sido condenado até então pelos assassinatos. Advogados norte-americanos teriam orientando-o durante o processo.

Conforme divulgado pelo U.S. Attorney's Office (cujas funções se assemelham ao Ministério Público Federal do Brasil, embora esteja subordinado ao Departamento de Justiça) no estado de Massachusetts, Antônio José tem contra si duas acusações de fraude de visto, duas acusações de perjúrio e uma acusação de falsificação.

De acordo com a acusação, em 2017, duas semanas após obter o direito de aguardar o julgamento em liberdade, o ex-PM solicitou um visto para entrar nos Estados Unidos. Questionado pela imigração se havia sido acusado ou condenado por algum crime no Brasil, ele respondeu que não e recebeu o visto.

Em 2020, Antônio José solicitou o “Green Card” ao Governo dos Estados Unidos, ou seja, a residência permanente no País. Novamente, conforme a acusação, ele mentiu ao dizer que nunca havia sido acusado ou condenado por algum crime no Brasil.

“Ele também supostamente não comunicou sua autuação e prisão no Brasil quando solicitou ajuste de status junto ao Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos”, informou o Departamento de Justiça dos EUA, conforme tradução livre.

O ex-PM foi condenado, em junho de 2023, a 275 anos e 11 meses de prisão pela chacina. Ele participou do julgamento através de videoconferência. Após a sentença, ele teve o nome colocado na lista de procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e foi preso nos EUA.

Antônio José, então, morava na cidade de Malden, acompanhado da esposa, que fazia uma pós-graduação no país. Eles tiveram uma filha, nascida já em solo norte-americano. 

Ainda de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, se condenado pelas acusações de fraude de visto, o ex-PM poderá ter pena de até 10 anos de prisão e multa de até 250 mil dólares. Já a condenação por perjúrio pode chegar a cinco anos de prisão e multa de até 250 mil dólares.

Já pela acusação de falsificação, ele pode pegar até cinco anos de prisão e multa também de até R$ 250 mil. O julgamento está marcado para este mês de junho.

A Chacina da Grande Messejana

Antônio José de Abreu Vidal Filho foi um dos 45 policiais militares denunciados pela chacina que deixou 11 mortos e sete feridos entre a noite do dia 11 de novembro de 2015 e madrugada de 12 de novembro de 2015 nos bairros Barroso, Lagoa Redonda, Curió e Messejana.

Conforme a investigação da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), o carro usado pelo então soldado Abreu foi flagrado por fotossensores na região onde ocorreu a matança, com placa adulterada por fita isolante.

Além disso, quebra do sigilo telefônico do ex-PM mostrou que ele recebeu duas ligações, a 1h29min e 1h42min, que acionaram as ERBs, respectivamente, de Lagoa Redonda e Curió. Ou seja, confirmou-se assim, de acordo com a acusação, que ele estava presente na região durante a realização da chacina.

Em depoimento, ele havia dito que, no momento em que a chacina acontecia, havia saído para jantar com sua namorada e, em seguida, retornou para casa, sem sequer passar por aquela área.

Sua defesa recorre da sentença de primeira instância. Antônio José continua nos Estados Unidos, onde está preso.

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