Dentre os nomes mais comuns de ruas e avenidas do Brasil, está o de São José, padroeiro do Ceará. No Estado, o santo nomeia 16.669 logradouros. Santo Antônio e São Paulo são outros dos homenageados frequentemente nas ruas do Ceará, com 11.204 e 4.288 vias nomeadas. Outros 117.095 logradouros não possuem nomes.
Os dados compilados pelo Censo Demográfico 2022 foram incluídos no Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe). A base traz as informações detalhadas de todos os mais de 106 milhões de endereços do Brasil.
“Teoricamente, o nome da rua deveria ser aquele nome bem técnico, definido por um órgão, como a prefeitura. Mas o que a gente acaba encontrando são regiões e localidades em que não chegou essa questão técnica e a própria população se apropria daquilo”, afirma Pedro Rodolfo Freitas de Matos, membro da equipe de trabalho do Cnefe no Ceará.
São comuns também ruas com o nome de Sete de Setembro e Brasil. Além de santos e datas históricas, os títulos dos logradouros homenageiam padres, professores, coronéis, presidentes e vereadores.
Em evento de lançamento dos dados em Fortaleza, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, descreveu a utilidade das informações para pesquisas e para o planejamento de políticas.
“Com base nessas informações, podemos saber melhor a distribuição da população por serviços públicos. Planejar o País, para onde vai crescer a população brasileira, quantas escolas serão planejadas, em que localizações, esse é um exemplo de uso”, disse.
Com os recursos, o presidente acredita que as políticas podem ser mais certeiras, chegando a quem precisa. “Agora os prefeitos, os governadores, os ministros, quem toma as decisões públicas tem a sua disposição um conjunto de informações que permitam precisar melhor as políticas públicas e avaliar melhor os resultados”, completou Pochmann.
É o caso das ruas sem nome. Rodolfo explica que isso alerta para desordenação nas cidades e ocupações irregulares. “Às vezes por uma questão de recurso, de falta de gente mesmo, as prefeituras ou órgãos competentes não conseguem abarcar toda aquela população. E [a população] fica nessa situação de ter que improvisar sua localidade”, afirmou.
O cadastro de endereços pode ajudar no mapeamento de serviços essenciais, como esgotamento sanitário, acesso à água e coleta de lixo. “Realmente isso vai fortalecer e melhorar a cidadania”, disse Rodolfo.
Parte dos dados já havia sido disponibilizada para os governantes do Rio Grande do Sul, em meio à tragédia climática que assolou o estado. “Você pode pegar uma área que foi atingida por uma chuva intensa desta, e sobrepor com os dados do cadastro e contabilizar endereços, domicílios, estabelecimentos que foram impactados. Você pode inclusive saber quais, com nome do estabelecimento, além da coordenada geográfica”, explicou Eduardo Baptista, gerente do Cnefe.