Uma mulher, uma das vítimas da chacina que deixou sete mortos e dois feridos na madrugada dessa quinta-feira, 20, na Praça Clóvis Beviláqua, em Viçosa do Ceará (Serra da Ibiapaba), seria o principal alvo dos criminosos. Ana Caroline de Sousa Rocha, de 23 anos, era a única das vítimas, ao lado de Júlio Félix Rodrigues, de 24 anos, que tinha antecedentes criminais.
A Polícia Civil investiga se o crime foi praticado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no contexto da disputa com o Comando Vermelho (CV). Ainda nessa quinta, uma fonte policial, de identidade preservada, já havia informado ao O POVO que integrantes do PCC eram os principais suspeitos da matança. Em entrevista coletiva, o secretário Roberto Sá, porém, afirmou que, somente após as investigações, seria possível dizer se o crime foi motivado pela disputa entre facções rivais ou se por rusgas internas dentro de uma mesma organização.
Após a chacina, três homens foram presos suspeitos de tráfico de drogas e de portar uma arma de fogo artesanal. O trio não foi formalmente acusado de envolvimento na chacina e teve liberdade provisória concedida em audiência de custódia.
O único dos três presos que quis prestar depoimento à Polícia Civil afirmou não saber de quem era a droga e a arma encontrada e que estava apenas no beco onde mora, ao lado de seu irmão e cunhado, quando foi abordado pelos PMs. O suspeito disse acreditar que a chacina foi praticada por integrantes do PCC que agem no município vizinho de Tianguá e que já haviam ameaçado dominar Viçosa. Conforme afirmou, Carol traficava drogas e era integrante do CV. Ele disse não saber de desentendimentos entre ela e a facção nem que Carol estivesse devendo dinheiro à organização. Mas afirmou que havia comentários de que ela estava devendo uma droga que havia consumido. Ele ainda disse que acredita que os autores da facção estavam monitorando Carol, pois, antes, ela quase não saía de casa. O suspeito também contou que, na rua onde mora, atua a facção Comando Vermelho (CV), rival do PCC, motivo pelo qual ele e o irmão já foram alvos de atentados.
As investigações seguem em andamento e nenhum suspeito da chacina foi preso até a publicação desta matéria. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o município recebeu reforço de policiais militares, civis e de profissionais que atuam na área de inteligência.
Além de Ana Caroline e Júlio Félix, morreram na chacina: André Madeira Olivindo Júnior, de 21 anos; Francisco Luan Brito da Silva, de 26 anos; Geovane de Amorim Silva, 18 anos; Ingrid Ivine de Souza Rocha, de 16 anos; e Isamara de Sousa Rodrigues, de 25 anos.
Como O POVO mostrou nessa quinta, Ana Caroline era monitorada por tornozeleira eletrônica. Ela já havia sido presa, pelo menos, duas vezes em flagrante. A primeira, em 2022, suspeita de envolvimento no homicídio que vitimou Benedito Alves Pereira, de 44 anos, no dia 24 de dezembro daquele ano. Já a segunda vez que Ana Caroline foi presa foi em 27 de outubro deste ano. Ao lado de duas outras pessoas, ela foi encontrada com algumas pedras de crack, papelotes de cocaína, uma quantidade não informada de maconha e um revólver calibre 38. Ana Caroline também era investigada por participação em um assassinato ocorrido em 15 de abril deste ano em Viçosa.
Ana Caroline deixa quatro filhos. Quando presa em abril, ela disse que as crianças tinham oito, cinco, quatro e três anos de idade e que ainda estava grávida de dois meses.