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52% das mortes no trânsito de Fortaleza em 2023 envolvem ocupantes de motos
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52% das mortes no trânsito de Fortaleza em 2023 envolvem ocupantes de motos

Dados de Fortaleza são do Relatório Anual de Segurança Viária, da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) 2023, que foi lançado oficialmente em maio recente
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 21-06-2024: Motoqueiros, motos, garupeiros e trânsito. (foto: Beatriz Boblitz/O Povo)
 (Foto: BEATRIZ BOBLITZ)
Foto: BEATRIZ BOBLITZ FORTALEZA-CE, BRASIL, 21-06-2024: Motoqueiros, motos, garupeiros e trânsito. (foto: Beatriz Boblitz/O Povo)

O município de Fortaleza registrou 11.338 acidentes de trânsito em 2023, resultando na morte de 157 pessoas. Mais da metade destes óbitos, 82 (52%), dizem respeito a motociclistas e a passageiros deste tipo de veículo. A informação consta no Relatório Anual de Segurança Viária, da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC).

De acordo com documento, que foi lançado oficialmente em maio, nos últimos nove anos (2014–2023) o Fortaleza apresentou redução de 58,4% da mortalidade no trânsito. No entanto, o índice de óbitos de ocupantes de motocicletas tem se destacado e ido na contramão das estatísticas gerais.

Para se ter uma ideia, o ano passado registrou, ao todo, 82 mortes de pessoas desse grupo. Se comparado a 2022, quando foram observadas 75, é notado aumento de 9,3%. 

Distribuição de condutores fatais em 2023:

  • Motociciclistas: 48,4%
  • Pedestres: 38,2%
  • Ciclista: 8,3%
  • Passageiro 2 rodas: 3,8%
  • Condutor 4+ rodas: 1,3%

Fonte: Relatório Anual de Segurança Viária, da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC)

 

O perfil básico da vítima que morreu por causa de trânsito em Fortaleza é composto por motoqueiros homens de 30 a 59 anos e transeuntes, também do sexo masculino, com mais de 60 anos de idade. 

De acordo com o coordenador do Núcleo de Segurança Viária da AMC, Saulo Oliveira, o aumento do índice de mortes desse tipo pode ser explicado pelo fato de que o número de motocicletas em Fortaleza cresceu em torno de 46% no período entre 2014 e 2023.

Além disso, a proporção de motos detectadas nos equipamentos de fiscalização eletrônica foi de 11% em 2019 para 22% em 2024, o que significa que a contribuição das viagens por meio deste modal praticamente dobrou nos últimos cinco anos. 

"Esse comportamento observado coincide com um fenômeno surgido a partir da pandemia, que é o forte crescimento das entregas por aplicativos e que se mantiveram e se fortaleceram no pós-pandemia. Mais recentemente tivemos ainda o crescimento do transporte de passageiros por moto nos aplicativos de transporte", destaca ainda o coordenador. 

Saulo pontua também os comportamentos de risco observados em maior frequência no grupo de motociclistas, que são considerados usuários vulneráveis por não possuírem uma carcaça de proteção em caso de uma colisão. De acordo com dados do relatório, por exemplo, um a cada três pessoas deste grupo excede o limite estabelecido para as vias da Capital.

Ainda de acordo com ele, Fortaleza investe "fortemente nessas ações de gestão das velocidades que incluem medidas como aumento da infraestrutura cicloviária, expansão e melhorias na rede semafórica".

"Para o caso de Fortaleza, estudo antes e depois para avaliação no desempenho da segurança viária nas vias que passaram pela readequação de velocidade apontam uma redução de 68% nos sinistros com vítima fatal. Para o caso das motocicletas, a redução das mortes foi ainda mais acentuada, chegando a 78% entres esses usuários nas vias que tiveram as velocidades readequadas", explica. 

No que diz respeito ao número de sinistros gerais, o segundo semestre de 2023 aparece no relatório como o com mais casos, sendo dezembro e junho os meses que apresentam o maior índice de acidentes de trânsito: 1.066 e 1.001, respectivamente.

De acordo com AMC, o pico de ocorrências se dá às sextas, segundas-feiras e nos fins de semana, período onde o consumo de álcool é comumente mais intenso e, também, quando as vias estão mais livres, "possibilitando o desenvolvimento de maiores velocidades". 

Capital tem média de três atropelamentos por dia 

Em 2023 foram registrados 1.110 atropelamentos em Fortaleza, número que equivale a uma média de 3 ocorrências deste tipo por dia. Desses casos, 60 são classificados como "fatais", onde 34,6% envolveu motocicletas e 44,2% automóveis de quatro rodas. Índice é 13% menor ao observado em 2022, quando houve 69 atropelamentos com morte.

Conforme Saulo Oliveira, a velocidade também é um dos principais fatores de risco associado aos atropelamentos. Nesse sentido, a Capital busca investir em melhoria na infraestrutura associada a medidas moderadoras da velocidade, como "pontos-chaves" para a redução dos índices de atropelamentos.

"Fortaleza tem adotado uma série de ações para possibilitar travessias seguras aos pedestres que vão desde ações educativas a redesenhos urbanos", destaca.

Entre as iniciativas realizadas pelo órgão, o coordenador do Núcleo de Segurança Viária da AMC cita a implantação sistemática de lombadas e travessias elevadas em projetos viários; a implantação de cruzamento em platôs; implantação de áreas de trânsito calmo (zonas 30km/h) no entorno de áreas escolares e hospitalares; requalificação de espaços de áreas completas; requalificação completa de vias; prolongamento de calçadas e a readequação da velocidade em vias com os mais elevados índices de severidade em sinistros de trânsito.

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