O Ceará voltará a ter metas de redução de crimes, anunciou o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá, em entrevista realizada na tarde dessa quarta-feira, 31, ao programa Debates do Povo, da Rádio O POVO CBN. O secretário disse que o novo sistema de metas deve ser estabelecido até o final do ano.
No momento, afirmou Sá, estudos são realizados a fim de definir como funcionarão as metas, incluindo as porcentagens de redução de crimes que deverão ser alcançadas. “Precisa ser uma meta desafiadora, mas também não pode ser uma meta impossível”, afirmou.
Além das metas finalísticas, que dizem respeito às variações dos indicadores de roubos e homicídios, por exemplo, o secretário afirmou que também haverão metas de “processos”. “Seria uma produtividade, fazer mais laudo, fazer uma vistoria... Então, esse pode ser o caso da Pefoce (Perícia Forense do Estado) e do Corpo de Bombeiros. Mas, fundamentalmente, as polícias Civil e Militar serão (metas) de redução de indicadores de criminalidade”.
Ele detalhou também que cada uma das Áreas Integradas de Segurança (AIS) nas quais o Estado é dividido terão metas próprias. Os delegados e coronéis responsáveis pelas AIS deverão ter reuniões periódicas para fazerem diagnósticos e para fazerem planejamento operacional. Nesses encontros, também poderão participar atores locais com envolvimento na temática, a exemplo de representantes de prefeituras municipais e do judiciário. Durante a entrevista, Sá ressaltou que a segurança pública não é uma questão só das forças de segurança.
O estabelecimento de metas foi adotado no Ceará em 2014 no âmbito do programa Em Defesa da Vida, implantado pelo então secretário Servilho Paiva. O programa previa pagamento em dinheiro aos agentes de segurança caso houvesse redução. À época da implantação, foi estipulada a meta de redução de 6% no número de homicídios por trimestre.
Durante a entrevista, Sá também discorreu sobre as estratégias de combate à criminalidade. Conforme afirmou, a partir do mapeamento dos “Hotspots”, ou seja, dos locais com maior incidência de crimes, é feita a distribuição do policiamento. Para além do reforço do patrulhamento e das operações de saturação, o secretário disse trabalhar para consolidar a integração entre as polícias Civil e Militar e aumentar o trânsito de informações entre as forças. Visando isso, ele citou a assinatura, na segunda-feira, 29, do decreto que regulamenta o Sistema Estadual de Inteligência, que, entre outros, ampliou para 791 o número de profissionais atuando nessa área.
“A gente tá criando um sistema capilarizado, um sistema com órgão central, a Coordenadoria de Inteligência (Coin), que é ligada a mim, mas tendo um agente de inteligência — com cadastro, seleção, protocolo — em todos os cantos do Estado. Onde houver uma unidade da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, vai ter alguém com a doutrina de inteligência para fazer fluir essa informação para a nossa tomada de decisão”.
Ele ainda disse que são realizados estudos para identificar autores de homicídios — sejam pessoas indiciadas, condenadas ou com mandados em aberto suspeitos de assassinatos — e realizar um enfoque das forças de segurança nesses alvos. No primeiro semestre deste ano, 1.058 suspeitos de assassinatos foram presos no Estado, afirmou o secretário.
DADOS
Até o dia 20, o Ceará registrou 136 homicídios em julho. Em junho inteiro foram 259. É menos que o registrado nos últimos meses da gestão Samuel Elânio, mas há aumento em relação ao mesmo período de 2023