A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) investiga um óbito fetal possivelmente causado por febre do oropouche, na região do Maciço de Baturité, onde está concentrada a totalidade dos casos. Caso foi registrado em Capistrano, a 102,89 km de Fortaleza. A gestante de 40 anos estava com 34 semanas. O estado de saúde dela é estável.
Este é o primeiro caso de possível morte fetal causada pela doença em investigação no Estado. No último dia 2, o Ministério da Saúde confirmou um caso de óbito fetal causado por transmissão vertical, quando é passado da mãe para o bebê, em Pernambuco.
"Estamos aguardando resultado que foi para fora (do Ceará) para ter a confirmação. Ela (a gestante) teve um quadro clínico sugestivo de oropouche, foi confirmada com a doença e teve o óbito fetal", detalha a secretária da Saúde do Estado, Tânia Mara Coelho.
A confirmação demora de dez a 15 dias, ainda conforme a titular da Sesa. A informação foi divulgada durante seminário realizado na Escola de Saúde Pública (ESP) sobre a febre oropouche voltado a profissionais da saúde.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pela pasta, 122 casos de febre do oropouche foram registrados no Estado este ano. O primeiro caso da doença no Ceará foi registrado em junho último.
Ainda de acordo com a secretária, a expectativa é que, com a diminuição das chuvas, o número de casos da doença também entre em redução.
"Assim que os municípios têm um caso suspeito, eles mandam para cá, o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará) confirma e toda a Vigilância se volta para o caso para que a gente possa estudar, entender como foi, saber se tem mais gente contaminada no local", explica.
Tânia Coelho reforça que, por ser um quadro típico de virose, muitas pessoas acabam nem procurando assistência médica. "Acho inclusive que a gente pode ter mais casos por conta disso."
O relatório mostra casos em seis municípios da região do Maciço do Baturité: Aratuba (32), Pacoti (29), Mulungu (26), Capistrano (12), Redenção (20) e Palmácia (3). Maioria dos casos é entre pessoas que moram ou frequentam a zona rural dessas cidades. Doença não é considerada endêmica no Ceará.
No Brasil, o vírus foi detectado em 7.497 amostras neste ano, com 43,6% dos casos confirmados na região amazônica. Homens são 51,8% (3.886) dos infectados. Ainda conforme o Boletim, a faixa etária de 20 a 49 anos concentrou 60,0% (4.492) dos casos.
Febre, dor de cabeça e dor no corpo são os sintomas mais comuns da doença. Náusea e diarréia também são relatados pelos infectados. A sintomatologia é similar à da dengue. Por isso, é preciso fazer um exame laboratorial para confirmar o diagnóstico da oropouche.
Atualizada às 11 horas
Com informações da repórter Alexia Vieira
Caso em Capistrano ainda passa por exames laboratoriais
A morte de um feto de 34 semanas está sendo investigada no Ceará. A suspeita da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) é de que a perda fetal teria sido causada pelo vírus da febre do oropouche. A gestante de 40 anos, residente de Capistrano, no Maciço de Baturité, teve infecção confirmada.
A transmissão vertical, quando o vírus é passado da mãe para o feto, é uma característica da febre do oropouche recentemente descoberta. Os primeiros casos foram confirmados em Pernambuco. Esse estado confirmou ainda que a morte de um dos fetos infectados foi causada pelo vírus.
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O caso do Ceará ainda passa por exames laboratoriais para atestar a causa do óbito. “Não havia outros motivos que pudessem ser associados à perda fetal, e era uma paciente que vivia em uma área de Capistrano onde tinha outros casos”, afirma o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Silva Lima Neto (Tanta).
Foram colhidas amostras das vísceras do feto e do líquido presente na coluna vertebral. O material foi enviado para fora do Ceará, conforme a secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho.
“É muito provável que esses exames sejam positivos para o oropouche. Isso garante que existe transmissão vertical. Para que eu feche esse caso de perda fetal como sendo causada pelo oropouche, preciso de investigações”, explica Tanta.
Tanta relata que ainda é incerto quais mecanismos o vírus tem para provocar a infecção e matar o feto. O diretor geral de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde de Pernambuco (SES-PE), Eduardo Bezerra, explica que duas hipóteses são investigadas nos casos pernambucanos.
Segundo ele, um dos palpites é que a infecção cause problemas neurológicos, já que o vírus é considerado neurotrópico - ou seja, ele tem uma “atração” pelas células do sistema nervoso. “Também existe a possibilidade de ter algum tipo de manifestação hepática”, diz.
Nos dois casos de Pernambuco, as gestantes tinham de 20 a 30 anos e estavam no trimestre final de gestações sem complicações. Os fetos não tinham nenhuma característica física especial que indicasse a infecção. As mortes fetais ocorreram de cinco a seis dias após o início dos sintomas.
Evitar o contato com o mosquito causador da febre oropouche, conhecido como maruim, mosquito-pólvora ou polvinha, é a principal forma de prevenir a doença. O vetor é típico de regiões serranas, áreas sombreadas e com alta deposição de matéria orgânica no solo, como plantações de banana e chuchu.
Para as gestantes residentes dessas regiões e de cidades com casos confirmados, é preciso utilizar barreiras físicas para evitar as picadas do mosquito, como blusas de manga longa e calças. O mosquito não consegue picar através da roupa.
Repelentes são indicados, mesmo que ainda não haja estudos suficientes de que esse produto é efetivo contra o maruim. Pensando nisso, a secretária municipal da Saúde de Pacoti, Nara Ribeiro, afirma que a Prefeitura irá distribuir repelente para as grávidas do Município, o segundo com mais casos confirmados no Ceará.
Também é importante procurar assistência médica em caso de sintomas. Os principais são dor no corpo, dor de cabeça, febre, náusea e diarréia.