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Ceará conquista a melhor nota do ensino fundamental de escolas públicas no Ideb 2023
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Ceará conquista a melhor nota do ensino fundamental de escolas públicas no Ideb 2023

O Estado superou a meta nacional no Ideb no ensino fundamental, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação. Já o ensino médio ficou abaixo da meta. Índice é utilizado para avaliar qualidade da educação e nortear políticas públicas
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O ministro da Educação, Camilo Santana, e representantes da pasta divulgaram nesta quarta-feira, 14, os resultados do Ideb 2023 (Foto: João Paulo Biage/O POVO)
Foto: João Paulo Biage/O POVO O ministro da Educação, Camilo Santana, e representantes da pasta divulgaram nesta quarta-feira, 14, os resultados do Ideb 2023

O Ceará atingiu taxa de 6,6 nos anos iniciais do ensino fundamental no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, divulgado nessa quarta-feira, 14, pelo Ministério da Educação (MEC), em Brasília. Ensino médio, que ficou abaixo da meta, com 4,3, ainda é desafio. 

Comparado a outros estados, o Ceará tem a nota mais alta nos anos iniciais quando levado em conta apenas o índice da educação pública, com 6,5. Nos anos finais na rede pública, o Estado também ficou com o maior índice, de 5,4, a mesma taxa do Paraná e de Goiás.

A nota geral dos anos iniciais supera a meta nacional para a etapa, composta pelo período do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, fixada em 6 pontos. A taxa do Ceará foi maior do que a do Brasil (6) na edição de 2023.

Nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, o índice do Ceará ficou em 5,5, também atingindo a meta nacional. Já o ensino médio ficou abaixo da meta de 5,2, com o Estado pontuando 4,3. Nenhum estado atingiu a meta do ensino médio no Ideb. Por outro lado, a rede estadual registrou o terceiro melhor índice do Brasil na avaliação de Ensino Médio tradicional e Médio integrado à Educação Profissional.

Em relação à edição de 2021, o índice dos anos iniciais do ensino fundamental avançou e o dos anos finais foi o mesmo, sendo maior que as taxas de antes da pandemia. No entanto, no ensino médio a taxa não voltou ao número pré-pandemia, de 4,4.

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), afirmou durante a coletiva de apresentação dos dados, que o objetivo maior não é fazer comparações entre estados, mas utilizar os índices para visualizar desigualdades educacionais. “O Ideb funciona como um norte para as tomadas de decisões na educação básica, determinando o que deve ser melhorado no ensino e garantindo que a construção dos programas e das iniciativas seja feita de forma a assegurar o atendimento das necessidades da população”, disse.

A secretária da Educação do Estado, Eliana Estrela, destacou que o Ceará ainda tem desafios na educação básica, mesmo em meio a resultados positivos. “Nós recebemos com muita alegria, mas com senso de responsabilidade e compromisso. Precisamos seguir avançando. Não estamos ainda naquela zona de conforto”, afirmou.

Ideb 2023 estados - rede pública
Ideb 2023 estados - rede pública Crédito: Luciana Pimenta

Municípios cearenses são maioria entre os 10 melhores no ensino fundamental

O Ceará tem seis municípios entre os 10 com maiores notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023 na categoria de anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano. Já do 6º ao 9º, nos anos finais, sete municípios cearenses estão entre as melhores taxas do Brasil.

Pires Ferreira, na microrregião de Ipu, é a cidade com maior nota do Ideb do País nos anos iniciais. O município de 10.606 habitantes cravou a nota 10, a máxima do índice.

As outras cidades cearenses mais bem avaliadas nos anos iniciais são Jijoca de Jericoacoara (9,7), Independência (9,6), Sobral (9,6), Coreaú (9,5) e Mucambo (9,5). Dados foram divulgados nesta quarta-feira, 14, pelo Ministério da Educação (MEC).

Confira 10 melhores notas do Ideb por município nos anos iniciais
Pires Ferreira (CE): 10
Santana do Mundaú (AL): 9,8
Jijoca de Jericoacoara (CE): 9,7
Coruripe (AL): 9,7
União dos Palmares (AL): 9,7
Independência (CE): 9,6
Sobral (CE): 9,6
Ibateguara (AL): 9,6
Coreaú (CE): 9,5
Mucambo (CE): 9,5


A etapa escolar do início do ensino fundamental tem a maior parte das vagas na rede municipal. Em comparação com o Ideb 2021, 153 cidades do Ceará tiveram melhora no índice e 31 registraram diminuição da nota.

Comparando com o Ideb pré-pandemia, 128 municípios melhoraram o índice e 56 tiveram redução na taxa. Isso significa que algumas cidades não conseguiram voltar para os índices que tinham antes do impacto da pandemia na educação.

Nos anos finais, a cidade com maior nota é Santana do Mundaú, em Alagoas, com 9,3. Pires Ferreira vem logo depois, com 9,2.

Deputado Irapuan Pinheiro (8,8), Catunda (8,4), Ararendá (8,3), Novo Oriente (8,2), Sobral (7,9) e Jijoca de Jericoacoara (7,8) também aparecem entre as 10 primeiras.

Confira 10 melhores notas do Ideb por município nos anos finais
Santana do Mundaú (AL): 9,3
Pires Ferreira (CE): 9,2
Deputado Irapuan Pinheiro (CE): 8,8
Coruripe (AL): 8,7
Catunda (CE): 8,4
Ararendá (CE): 8,3
Novo Oriente (CE): 8,2
Sobral (CE): 7,9
Jijoca de Jericoacoara (CE): 7,8
São José da Laje (AL): 7,8

O que é o Ideb?

O Ideb é composto pela taxa de aprovação dos alunos nos anos finais de cada etapa analisada e a média do desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática apuradas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Criado em 2007, o índice bienal tem como objetivo avaliar a qualidade da educação. Os dados influenciam em políticas públicas educacionais a nível federal, estadual e municipal.

Durante a pandemia de Covid-19, os resultados do Ideb sofreram impactos. O índice de 2021 foi divulgado em um período atípico de escolas fechadas e alunos sem acesso às aulas.

A participação na prova do Saeb foi abaixo do esperado, quando comparada a anos anteriores, e um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou a passagem de ano letivo automática para estudantes entre 2020 e 2021, o que impactou as taxas de aprovação.


Brasil está conseguindo recuperar trajetória

Os ensinos fundamental e médio no Brasil estão conseguindo retomar a trajetória positiva observada nos anos anteriores à pandemia, em especial quando o recorte são os anos iniciais do fundamental (do 1º ao 5º ano). Nesses anos escolares, o País está conseguindo atingir a meta de seis pontos - valor que tem como referência o desempenho de nações desenvolvidas, segundo resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, divulgado ontem (14), em Brasília, pelo Ministério da Educação (MEC), nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), o Brasil alcançou 5 pontos.

Apesar de não ter atingido a meta de 5,5 pontos, o resultado demonstra uma retomada positiva na comparação com o período pré-pandêmico (2019), quando obteve 4,9 pontos.

Em 2021, ano em que, devido à pandemia, a taxa de aprovação foi influenciada por políticas que evitaram prejuízos ainda maiores aos estudantes, a nota obtida foi naturalmente maior: 5,1 pontos.

O ensino médio registrou 4,3 pontos em 2023, também abaixo da meta de 5,2 pontos. O resultado, no entanto, apresenta evolução, se comparado a 2019 e 2021, quando a pontuação obtida alcançou 4,2 pontos.

O Ideb é o principal instrumento de monitoramento da qualidade da educação básica do País. Ao reunir dados sobre o índice de aprovação e de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática, ele averigua desempenho e indicadores de fluxo e trajetória escolar.

"O Ideb norteia caminhos e tomadas de decisões para a educação básica do País, e determina o que deve ser melhorado para garantir programas e iniciativas que assegurem o atendimento das necessidades da população", explicou o ministro da Educação, Camilo Santana, ao apontar o índice como principal instrumento de monitoramento da educação básica do País.(Agência Brasil)

Conquista coletiva e celebração

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023 divulgado pelo Ministério da Educação aponta mais uma vez o Ceará como destaque no País. Indiscutivelmente, é motivo de orgulho e celebração para todos nós, muito embora tenha-se, ainda, clara margem para melhorias.

Este destaque, porém, deve ser creditado não apenas às atuais gestões (federal, estadual e municipais) e aos seus antecessores recentes. Não se trata de desmerecer o relevante papel por eles cumpridos neste campo, mas, de reconhecer que avanços deste porte na educação são conquistas coletivas que não se alcançam da noite para o dia e, sim, mediante esforços contínuos de uma série de atores sociais com o protagonismo claro de cada professor(a).

Com a criação, pela Emenda Constitucional nº 14, em setembro de 1996, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério-Fundef, e sua implantação em janeiro de 1998, a redistribuição dos recursos para o setor foi decisiva ao proporcionar um olhar atencioso e necessário à figura do professor. Basta lembrar que, até então, ainda era comum a atuação de muitos profissionais tidos como "leigos". Em seguida, com a Emenda nº 108, de agosto de 2020, veio o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação-Fundeb.

Além da melhoria do padrão remuneratório (que também deve e merece ser ainda mais ampliada), buscou-se, ao longo dessas últimas quase três décadas, oferecer a capacitação dos educadores, realizar novos e sucessivos concursos, estimular a promoção de cursos de graduação e pós-graduação para este importantíssimo público e equipar as unidades de ensino de condições efetivas para o exercício da tarefa que se espera de uma escola.

Se é clara a contribuição que as administrações públicas podem oferecer para assegurar a qualidade na educação, assim como o papel dos legislativos e dos tribunais de conta na fiscalização da aplicação dos recursos voltados à área, tem de ser, sim, muito louvado o engajamento de todos os educadores que, diferentemente de tantas outras categorias profissionais, sabem abraçar coletivamente as metas que lhes são estabelecidas. Com os resultados gradativa e evolutivamente alcançados, dão o exemplo de compromisso, consciência e paixão pela carreira que abraçaram e não cruzam simplesmente os braços terceirizando culpa.

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