O corpo de Aldete Rogério Saldanha, de 58 anos, morto a tiros ao entrar na comunidade Oitão Preto, em um trecho ocupado por facções, foi liberado da sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) ontem para ser encaminhado ao estado do Piauí. O caso foi registrado na madrugada de quinta-feira, 22, em Fortaleza. Dois suspeitos foram presos.
Conforme o relatório policial obtido pelo O POVO, o representante comercial estava em um veículo Triton da cor vermelha com mais dois colegas e utilizavam o GPS para se locomover, por não conhecer a área, eles entraram na comunidade do Oitão Preto.
De acordo com fonte policial, o carro foi atingido por pedradas e os ocupantes tentaram seguir passando por uma "barricada" construída por criminosos. Em seguida o veículo foi alvo de mais de 20 tiros. Rogério foi morto e os dois ocupantes do veículo conseguiram fugir.
Policiais militares foram acionados para a ocorrência e localizaram as vítimas sobreviventes. Os três empresários estavam no Ceará para participar do evento automotivo Autop que começou no dia 21 no Centro de Eventos. Os três estavam a caminho do hotel Marina Park, bairro Moura Brasil, onde se hospedariam. Rogério é primo do secretário de governo de Teresina, Michel Saldanha. O caso gerou repercussão no Piauí.
As prisões ocorreram ontem, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O primeiro suspeito foi detido no bairro São Gerardo e uma segunda pessoa foi presa no bairro Álvaro Weyne. Os dois foram conduzidos a sede do DHPP, onde foram autuados em flagrante por crime de homicídio e posse irregular de arma de fogo.
Sobre as barricadas em comunidades cearenses, O POVO divulgou uma matéria no dia 8 de agosto sobre existência de disputa de facções por território de tráfico de drogas, que instalaram barricada. As barricadas, mesmo instrumento no qual os turistas do Piauí se depararam, são construídas por criminosos no intuito de dificultar a entrada da Polícia e também dos grupos rivais.
O POVO acompanhou trabalhos de retirada de barricadas na comunidade do Gueto, na Barra do Ceará, no ano de 2016. Apesar da retirada das intervenções criminosas pela Polícia, na maioria das vezes basta o policiamento ir embora para que sejam novamente construídas. O POVO tentou, via assessoria de imprensa, obter informações sobre intervenções de facções criminosas e o cenário de ocupação desses grupos, mas foi informado que o caso não seria comentado.
Há menos de um mês uma turista de Macapá foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) dentro de uma pousada no bairro Cumbuco, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Ruth Mary Silva de Oliveira Ribeiro estava no Ceará a passeio com o namorado, o britânico Philip Donald Eric Gray, de 38 anos, que foi baleado na ação. O translado do corpo da mulher foi realizado e o rapaz segue em Fortaleza sob cuidados médicos.
Conforme fonte ligada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ouvida pelo O POVO, há áreas ocupadas por facções próximas a locais turísticos, como Praia do Futuro, Beira Mar e Cumbuco. Nestes lugares o policiamento é orientado a conversar com os turistas para que eles não ultrapassem limites para evitar roubos ou ações de facções. Não seria a primeira vez que turistas entram no trecho da comunidade do Oitão por engano, no entanto, nas outras vezes o policiamento foi acionado e deu suporte às vítimas.
Em janeiro deste ano turistas foram surpreendidos por assaltantes durante um passeio de buggy no Cumbuco, em Caucaia. As vítimas filmavam a aventura enquanto os criminosos surgiram na frente do veículo portando arma de fogo. O vídeo teve repercussão, suspeitos foram presos e o policiamento foi reforçado na área.
Um dos casos de grande repercussão envolvendo turistas no Ceará foi crime contra a italiana Gaia Mollinari, em 2014. A mulher encontrada morta em Jijoca de Jericoacoara, mas até hoje, quase 10 anos depois, o caso não foi elucidado. (Colaborou Gabriel Damasceno)