Após duas noites de tensão causada por ameaças a comerciantes, a Praia de Iracema teve um domingo de aparente tranquilidade. O POVO esteve na tarde deste domingo, 25, no bairro e presenciou o funcionamento normal de estabelecimentos comerciais. Na noite de sábado, 24, porém, diversos comércios decidiram não abrir. Pelo menos, quatro casas de shows e bares anunciaram em suas redes sociais que iriam cancelar suas programações por motivos de segurança. Isso se deu após supostas ameaças perpetradas por integrantes de uma facção criminosa.
Um homem foi autuado pela suspeita do crime de constrangimento ilegal. Francisco Henrique da Costa Leite, de 32 anos, foi preso no sábado, ainda em estado de flagrante. Câmeras de videomonitoramento flagraram o momento em que ele e outro homem teriam ido, de comerciante a comerciante, determinar o encerramento das atividades de comerciantes que trabalham no calçadão da PI.
Auto de Prisão em Flagrante (APF) aponta que a ordem ocorreu após a morte de um homem que seria integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Samuel Douglas da Silva, de 26 anos, havia sido baleado no último dia 9 de junho, na avenida Pessoa Anta, vindo a óbito na sexta-feira, 24. Conforme depoimento dos militares que aturaram na ocorrência, eles faziam patrulhamento de rotina quando viram Samuel descendo rapidamente de um carro.
Ao verem a composição, tanto o motorista do veículo, quanto Samuel empreenderam fuga. Os PMs afirmaram que, durante a fuga, Samuel apontou uma arma de fogo contra a composição, que reagiu e também efetuou disparos, atingido-o. Com o suspeito, os policiais encontraram mais de nove tabletes de maconha e um revólver.
Em depoimento à Polícia Civil, Francisco Henrique afirmou que estava trabalhando em um box da Praia de Iracema quando um desconhecido mostrou uma foto no celular em que havia uma ordem para que todos os comércios do bairro fossem fechados. Com isso, ele pegou um patinete e foi comunicar a outros proprietários dos boxes.
A determinação era de que os comércios ficassem sem funcionar até o domingo, 25. Francisco Henrique negou integrar o CV. Ele também disse que, ao ser abordado neste sábado pelos PMs, "ficou nervoso", mas não quis desacatar os agentes. Os PMs afirmaram que Francisco Henrique passou a ameaçar a composição, afirmando que eles 'iriam ver o que ia acontecer".
Neste domingo, Francisco Henrique teve a prisão prisão preventiva. "Ademais, é de se observar que a conduta delitiva revela-se concretamente grave, pois o agente foi preso em flagrante por estar, na companhia de outros indivíduos, determinando que comerciantes da Praia de Iracema fechassem suas bancas e comércios, sob graves ameaças, motivados por represálias e demonstração de poder, após morte de indivíduo integrante da facção criminosa Comando Vermelho, circunstâncias estas que, no caso, indicam a maior lesividade da conduta, demonstrando, com isso, a gravidade concreta das condutas delitivas", afirmou na decisão o juiz Tácio Gurgel Barreto. (Com informações de Flávia Oliveira)