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Exames e cirurgias eram agendados por perfis falsos para furar fila em Fortaleza
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Exames e cirurgias eram agendados por perfis falsos para furar fila em Fortaleza

Justiça decretou prisão de quatro pessoas, incluindo, candidato a vereador e conselheiro tutelar. Esquema foi identificado pela SMS em 2021
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INVESTIGAÇÃO foi realizada pela Decor (Foto: Divulgação/SSPDS)
Foto: Divulgação/SSPDS INVESTIGAÇÃO foi realizada pela Decor

A Polícia Civil deflagrou nessa quinta-feira, 29, uma operação para cumprir quatro mandados de prisão e nove de busca e apreensão contra quatro servidores e profissionais terceirizados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Fortaleza. Eles são suspeitos de agendar procedimentos cirúrgicos, consultas, exames e outros procedimentos clínicos através de perfis falsos, de forma a furar a fila de pacientes em unidades de saúde da Capital.

Entre os investigados estão um candidato a vereador e um conselheiro tutelar, ambos de Fortaleza. O POVO apurou que o candidato é Cláudio Marcos Lima da Silva, de 40 anos, do Avante; enquanto o conselheiro tutelar é Francisco Clayton Silva Ximenes, de 41 anos, do Conselho Tutelar VII. Francisco Clayton foi preso, mas Cláudio Lima era considerado foragido até o fechamento desta página. Também foram presos uma mulher, de 52 anos, capturada no bairro João XXIII; e um homem, de 55 anos, capturado no Montese. Eles não tiveram a identidade divulgada.

O esquema foi identificado pela própria SMS em 2021. O secretário Galeno Taumaturgo conta que a equipe de Tecnologia da Informação (TI) da pasta constatou que alguns perfis agendavam os procedimentos em excesso, levantando as suspeitas. O POVO apurou que um único perfil chegou a realizar o agendamento de mais de mil usuários. A Polícia Civil informou que, após a TI descobrir os crimes, os profissionais passaram a ser ameaçados de morte.

O secretário diz que os procedimentos eram marcados para diversas unidades de saúde. Nenhum dos suspeitos, disse Taumaturgo, trabalhava na sede da SMS, e sim estavam distribuídos em unidades espalhadas pela Capital. Como as práticas foram descobertas pela pasta, não necessariamente os procedimentos foram realizados.

A SMS contatou a Polícia Civil e a Delegacia de Combate à Corrupção (Decor) iniciou as investigações. O inquérito identificou os crimes de organização criminosa, peculato digital (inserção de dados falsos), corrupção ativa e corrupção passiva. “A Polícia Civil representou e o Poder Judiciário deferiu a expedição de mandados de prisão preventiva e afastamento do sigilo de dados telemáticos e extração de informações em celulares”, afirmou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que divulgou que a operação dessa quinta teve apoio do Departamento de Inteligência Policial (DIP). “Os policiais civis apreenderam aparelhos celulares e documentos, que subsidiarão as investigações que seguem em andamento pela Decor”.

O secretário Galeno Taumaturgo afirma que a operação dessa quinta demonstra o empenho da secretaria em coibir essas “falcatruas”. Em nota, a SMS afirmou que tomou todas as medidas administrativas cabíveis e que “segue colaborando com as autoridades para que, caso o crime seja comprovado, os responsáveis sejam punidos criminalmente". 

O POVO não localizou as defesas dos suspeitos na noite desta quinta-feira, 29 (Com informações de Jéssika Sisnando).

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