Durante o encerramento da programação do Mês da Primeira Infância, a Secretaria da Proteção Social do Ceará (SPS) lançou uma cartilha sobre Infâncias e Juventudes do Ceará. O documento reúne dados sobre violência junto ao público infantojuvenil, consequências no desenvolvimento e orientações para servidores e técnicos que atuam com o tema no Estado.
A divulgação do documento ocorreu na manhã desta sexta-feira, 30, no auditório da SPS, no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza. A cartilha foi elaborada durante um ano pela SPS em parceria com o Instituto ProMundo e o Fondation Chanel. Além da apresentação da Cartilha, também foi realizada uma palestra sobre paternidade ativa para os servidores e técnicos da Secretaria.
De acordo com a coordenadora do Programa Mais Infância, Dagmar Soares, a cartilha traz estatísticas sobre paternidade por meio de dados como o número de mães solos, gravidez na adolescência e os fatores que impactam no desenvolvimento infantil. “A criança pequena pede afeto. Quando ela não tem casa, ela procura na rua e o risco dela ser tomada pela violência é muito grande”, exemplifica.
Ainda segundo a coordenadora, o documento deve servir de orientação para servidores e técnicos da Secretaria na criação e execução de políticas públicas. Outros dados relacionados dispostos no documento, conforme Dagmar, são indicadores de violência no público adolescentes, como os de mortalidade.
A Cartilha é dividida em cinco seções que incluem temas como Gênero, Família, Violência, Saúde Mental, Drogas, Oportunidades, Escolarização e Mundo Do Trabalho. O conjunto de temas, segundo a coordenadora do Programa Mais Infância, busca trabalhar junto aos jovens sobre projetos de vida, buscando mudar principalmente os cenários de violência. O documento será publicado no portal da SPS.
Conforme o secretário Executivo de Infância, Família e Combate à Fome, Caio Cavalcanti, o documento toca na infância e na juventude e também na figura da paternidade, que deve ser necessariamente ativa para impactar o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Uma palestra sobre equidade e paternidade reuniu dezenas de servidores da SPS, principalmente homens, para discutir atuação de pais na criação ativa dos filhos, além de identificar quais ações podem contribuir para o melhor desenvolvimento das crianças nos primeiros seis anos de vida. Entre os temas, a masculinidade tóxica.
O assessor administrativo da SPS, Natanael de Holanda, 37, afirma que a ação garante ampliar o tema entre os servidores através do maior acesso a dados. “A gente não tem esse acesso mesmo massivo, a gente só tem relatos. E hoje estão sendo apresentados dados, estudos científicos que comprovam que realmente a paternidade, a presença do pai, a presença ativa mesmo dos pais, é muito importante”, comenta.
O sociólogo e técnico da coordenação da Proteção Social Especial, Cristóvão Aragão, 40, é pai de dois filhos, de 14 a 16 anos de idade. O servidor afirma que, apesar de reconhecer que foi pai presente na primeira infância dos filhos, continua exercendo o dever de estimular.
“A primeira infância é o começo e o que eu puder aprimorar para adolescência, para consertar o que eu não fiz no passado... além de trabalhar algumas marcas que ficaram neles. Eu me coloco nessa reconstrução da vida deles, de algumas lacunas que ficaram na primeira infância”, destaca o servidor.
O especialista em Saúde Coletiva e coordenador de pesquisas do Instituto ProMundo, Rodrigo Laro, esclarece que o público precisa entender que o cuidado com os filhos é prazeroso, que é necessário que a criança se sinta protegida pelo cuidado com o pai e que isso vai impactar diretamente no desenvolvimento por toda a vida da criança.
“Aprender um novo termo de masculinidade, aprender uma nova paternidade, e isso tudo vai desembocar em novos adolescentes e uma sociedade muito mais equitativa de gênero”, afirma Rodrigo.