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Peixes-bois resgatados voltam mais cedo ao mar em Icapuí
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Peixes-bois resgatados voltam mais cedo ao mar em Icapuí

| Preservação | Graças à criação de uma APA na região, com a participação de alunos da UFC, filhotes encalhados no litoral passam menos tempo em recuperação até serem devolvidos à natureza
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PEIXE-BOI resgatado no litoral do Ceará retorna mais cedo ao mar depois da criação da APA de Icapuí (Foto: Marina Kneipp/divulgação Aquasis)
Foto: Marina Kneipp/divulgação Aquasis PEIXE-BOI resgatado no litoral do Ceará retorna mais cedo ao mar depois da criação da APA de Icapuí

Criada em 2022 com a participação ativa de alunos do curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Ceará, a Área de Proteção Ambiental (APA) Berçários da Vida Marinha de Icapuí está fazendo a diferença para filhotes órfãos de peixes-bois marinhos que encalham no litoral do Ceará.

O trabalho do Instituto de Ciências do Mar da UFC (Labomar) e da ONG Aquasis, realizado na APA, permite que os filhotes recuperados voltem mais cedo ao seu habitat natural, garantindo a preservação da espécie.

Em entrevista à Caravana UFC 70 anos, o Cientista-Chefe do Meio Ambiente e professor do Labomar, Marcelo de Oliveira Soares, explica que a maioria dos peixes-bois marinhos encalhados no litoral cearense são filhotes que se perderam de suas mães, mas que ainda conservam resquícios de cordão umbilical.

Em Caucaia, a equipe da Aquasis realiza sua reabilitação e, depois que estão recuperados, são levados a Icapuí para passar por um processo de adaptação até poderem voltar ao mar.

"Graças a existência da APA Berçário da Vida Marinha, esses animais agora são liberados muito mais cedo ao seu habitat natural. Antes tinham que esperar, às vezes, até oito anos. O ideal é que com três a quatro anos todo esse processo de reabilitação seja completado", explica a coordenadora do processo de aclimatação dos peixes-bois do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis, Katherine Fiedler Choi.

Os peixe-bois resgatados saem de Caucaia, onde fica o Centro de Reabilitação, e vão a Icapuí para completar a última etapa da recuperação. "É o processo de aclimatação em ambiente natural. Eles ficam um tempo em um tanque, se adaptando às condições do mar, de correntes, de alimentação natural, de outras espécies junto com eles. E a partir do momento que estão aptos a serem soltos, a gente os libera aqui na praia", explica Katherine.

O processo de criação da APA Berçários da Vida Marinha de Icapuí só foi possível graças ao trabalho dos alunos do curso de Ciências Ambientais da UFC, que elaboraram seu estudo de criação e diagnóstico ambiental, coordenados pelo professor Marcelo e logo revisada pela equipe do Programa Cientista-Chefe do Meio Ambiente, da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento (Funcap), da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) e da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

"O papel da UFC foi fundamental nesse processo. Uma ação educacional que contribuiu diretamente para a criação de uma política pública", ressalta o professor Marcelo.

A APA Berçários da Vida Marinha de Icapuí está localizada entre as APAs municipais da Praia de Ponta Grossa e do Manguezal da Barra Grande, integra um corredor ecológico costeiro e marinho e promove uma gestão integrada dessas áreas protegidas. Ela foi transformada em uma unidade de conservação com o objetivo de proteger as aves limícolas, aquelas que se alimentam de pequenos invertebrados que vivem no lodo e os locais de reprodução e alimentação do peixe-boi marinho.

 

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