O relatório do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) mostra que o Ceará lidera o ranking de transplantes de córnea por milhão de habitantes. Os dados são referentes aos meses de janeiro a junho de 2024 e foram divulgados na última sexta-feira, 6. No total, foram realizados 633 transplantes de córnea no Estado, o equivalente a 144 a cada milhão de habitantes.
Segundo Eliana Barbosa, orientadora da Célula do Sistema Estadual de Transplantes (Cetra) da Secretaria de Saúde do Ceará, atualmente o Estado realiza quase todos os tipos de transplantes e não há o costume de encaminhar os pacientes para outros estados para a realização dos procedimentos.
“A criação do Banco de Olhos do HGF em 2006, a realização de mutirões, o aumento dos números de centros transplantadores no Estado, as equipes dos hospitais notificadores e a implantação de novos bancos de olhos fazem parte dessa estratégia para mantermos esses bons índices. No entanto, o diferencial foi a implantação de uma equipe na Perícia Forense, possibilitando a doação de córneas em óbitos que ocorrem fora dos hospitais, e o Serviço de Verificação de Óbito, que, a partir deste ano tornou-se parceiro nas doações e captações de córneas”, descreve.
Há também o destaque nos transplantes de fígado e coração. O Ceará fica segundo lugar no Brasil por milhão de habitantes no número de transplantes de fígado, com 122 procedimentos em número absoluto e 27,8 considerando a população. No caso do coração, o Estado fica em terceiro lugar, com 17 cirurgias ao todo e 3,9 por milhão de habitantes. Nos dois tipos, o Estado lidera as operações na região Nordeste.
Considerando o número absoluto, o Ceará fica em terceiro no número de transplantes de córnea, atrás de São Paulo (2.753) e Paraná (639).
“O Ceará é referência nacional em doação de órgãos e tecidos e também em transplantes, e esse é um dado muito positivo, que merece ser destacado. Isso se deve às parcerias que a Sesa soube construir com outras instituições em todos esses anos”, alinha.
Conforme divulgado pela pasta da Saúde, houve um crescimento nos transplantes de rim, fígado e coração na comparação com os números de 2023. No ranking nacional, o Ceará ocupa o 5º lugar no quesito doadores efetivos de órgãos, sendo 25 doadores efetivos por milhão de habitantes.
“A grande maioria dos transplantes ocorre com órgãos de doadores falecidos. O desejo de ser um doador deve ser informado à família, e os familiares devem ser encorajados a fazer o mesmo, porque essa ação salva vidas, proporciona qualidade de vida e enaltece sentimentos de solidariedade, amor ao próximo e cidadania”, acrescenta Eliana.
A gestora complementa dizendo que, para o Ministério da Saúde, a fila de espera para transplante de córnea é tecnicamente zerada. “Hoje, quem solicita um transplante de córnea pode realizar o procedimento em um mês, 15 dias ou até em menos tempo.”
Para doar órgãos e tecidos, basta que a pessoa deixe a família ciente do seu desejo, pois a família é quem vai autorizar a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.
Atualizada às 19h15min
Mais de 14 mil cirurgias realizadas em todo o Brasil
No Brasil, 728 estabelecimentos estão aptos a realizar transplante e, entre janeiro e junho deste ano, o País registrou 14.352 procedimentos. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), em relação a 2023, houve aumento de 3,2% na doação de órgãos. Considerando apenas os órgãos sólidos - córneas e medulas ósseas são classificadas como tecidos - o crescimento foi de 4,2%.
Os órgãos mais doados foram rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão. A fila de espera por transplante é única e vale tanto para pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS) como para pacientes da rede privada. Conforme o Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é o maior programa público do mundo, que regulamenta e monitora os processos de doação e transplantes.
De acordo com a coordenadora-geral do SNT, Patrícia Freire, são necessárias iniciativas que contemplem a heterogeneidade da população brasileira. "Novos projetos estão em andamento para contemplar essa complexidade e fazer com que nos próximos dois anos o Brasil possa continuar se destacando no cenário mundial de transplantes", afirma.
Em abril deste ano, parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Cartório Notorial do Brasil permitiu que a autorização para doação de órgãos e tecidos pudesse ser feita por meio de uma plataforma eletrônica chamada Aedo.
Ainda conforme informações do MS, em 2023 houve investimento de R$ 1,3 bilhão para o custeio dos transplantes e, até junho deste ano, os recursos somam R$ 718 milhões.
Números por estado
Número por milhão de população entre
janeiro e junho
> CE - 144
> RO - 132,8
> SP - 124
> MT - 113,7
> PR - 111,7
> DF - 111,5
> SE - 99,5
> MS - 92,9
> PI - 82,6
> GO - 82,1
> SC - 81,5
> PE - 75,4
> RS - 72,6
> AC - 72,3
> ES - 67,3
> RN - 67,2
> PB - 65,4
> PA - 63,3
> MA - 56,7
> MG - 48,3
> BA - 38,9
>TO - 37,1
> RJ - 34,7
> AL - 29,4
> AM - 17,8
> Brasil - 81,1