O sistema escolar brasileiro precisa de escolas que “acolham e reconheçam a diversidade dos alunos” para garantir a equidade no ambiente estudantil. É o que defende a professora Geny Lustosa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (Faced/UFC). A docente ministrou uma palestra sobre o tema na manhã de ontem, 13, último dia do Congresso Brasileiro de Educação, realizado no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.
De acordo com a professora, cerca de 80 milhões de pessoas com mais de 15 anos não concluíram a educação básica. Destes, mais de 8 milhões não foram alfabetizadas. "Quando a gente se aprofunda na leitura dos dados, a gente percebe que existe um recorte de classe, gênero, etnia, territorialidade etc".
"Essas questões perpassam a educação e todos nós, professores, precisamos estar alertas e conscientes disso. Os indicadores têm uma face, uma identidade", adiciona.
Diante dos dados, a professora destaca que, apesar da existência de políticas públicas relacionadas ao tema, ainda é necessário discutir a questão do acesso e da permanência escolar. "Se a gente olhar os dados [de evasão], percebe que precisamos fazer mais para mantermos todos os estudantes na escola", pontua.
Para isso, ela acredita que as unidades precisam se organizar para atender as demandas e necessidades dos alunos. "A gente precisa de uma escola acolhedora que, com suas práticas, entendam a necessidade dos alunos, tanto em questões de desenvolvimento pessoal quanto do entorno: as questões familiares, sociais etc".
“Precisamos de uma escola que acolha, reconheça a diversidade de todos e que busque apoios, recursos pedagógicos, novas metodologias, atenção para aqueles que necessitam. Para que o estudante possa ser valorizado e possibilitado a aprender”, adiciona.
O Congresso, encerrado ontem, reuniu cerca de 4,3 mil pessoas, de acordo com Venâncio Freitas, CEO da Kedu, uma das organizadoras do evento. "Tivemos inscrições de participantes de 25 estados. São pessoas do Acre, Rio Grande do Sul, Rondônia etc".
"O Edu Summit é um congresso que aborda os principais temas da educação brasileira nas iniciativas privadas e na rede pública [...] o Congresso já acontece há 22 anos. Ele começou como um seminário de educação e, ao longo do tempo, foi crescendo. Há dois anos ele virou o Edu Summit", destaca.
"O Congresso é importante para trazer uma reflexão sobre como fazemos a educação no dia a dia. É um ambiente de troca e aprendizado entre toda a cadeia e ecossistema da educação: fornecedores, professores, influenciadores etc".