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Com cerca de 150 mil fieis, procissão marca o encerramento da Romaria de Nossa Senhora das Dores
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Com cerca de 150 mil fieis, procissão marca o encerramento da Romaria de Nossa Senhora das Dores

|JUAZEIRO| Cortejo com a imagem da padroeira saiu da Basílica Santuário e percorreu as principais ruas do Centro da cidade
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MOMENTO em que fiéis acendem luzes para reverenciar a padroeira Nossa Senhora das Dores (Foto: DIVULGAÇÃO/ ASCOM DIOCESE DO CRATO)
Foto: DIVULGAÇÃO/ ASCOM DIOCESE DO CRATO MOMENTO em que fiéis acendem luzes para reverenciar a padroeira Nossa Senhora das Dores

Acrescentando mais um ano à tradição iniciada ainda nos tempos do padre Cícero Romão Batista, cerca de 150 mil romeiros e devotos, segundo os organizadores, encerraram, na noite de ontem, a festa e romaria de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, na região do Cariri. Foi ao cair da tarde que o cortejo com a imagem da padroeira local saiu da Basílica Santuário e percorreu as principais ruas do Centro da cidade.

Pela manhã, os romeiros participaram da Missa Solene de Nossa Senhora das Dores, que contou com a presença de diversos padres e religiosos da Igreja Diocesana de Crato e outros Estados.

A solenidade foi presidida pelo bispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson da Nóbrega, que na presença do bispo da Diocese de Crato, dom Magnus Henrique Lopes, agradeceu pela oportunidade de celebrar na Casa da Mãe das Dores.

“Obrigado, dom Magnus, por essa experiência tão bela de ver essa igreja cheia de devotos de Maria, mas sobretudo, cheia de cristãos que querem viver o seguimento de Jesus, querem viver o evangelho e se comprometer em suas comunidades a viver a fé e testemunhar o amor”, declarou o bispo durante a homilia.

Ao meio-dia, os romeiros mais uma vez lotaram a Basílica de Juazeiro para a tradicional celebração da Bênção do Chapéu e Despedida. Guiados pelo pastor diocesano, os fieis entoaram o canto do “Adeus Maria”, acenando os chapéus de palha diante do altar de Nossa Senhora das Dores.

Após a última missa do dia, celebrada às 16 horas, foi iniciada a procissão com a imagem sacra, que contou com a presença tanto de romeiros quanto do povo de Juazeiro. O trajeto foi concluído na Praça do Romeiro, onde aconteceu a Bênção do Santíssimo Sacramento e o show pirotécnico.

Veja imagens do momento: 

Como a devoção começou

A origem da devoção à Nossa Senhora das Dores remonta à Idade Média. O título está ligado ao relato bíblico de Maria diante da cruz do seu filho Jesus no calvário.

Celebrada com outros nomes ao redor do mundo, como Nossa Senhora da Piedade e da Compaixão, a festa recebeu seu nome atual no século XVIII, por determinação do papa Bento XIII.

É chamada “Das Dores” porque recorda cada um dos seus sete sofrimentos, por isso é muitas vezes representada com o coração atravessado por sete espadas.

Juazeiro do Norte tem suas raízes na devoção a Nossa Senhora das Dores, com a construção de uma capela dedicada a ela pelo brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, no local onde mais tarde surgiria a cidade.

Embora padre Cícero seja o fundador do município, a localidade já existia quando ele chegou em 1872, formada ao redor da capela.

O patriarca foi o principal divulgador desta devoção no Nordeste. Incentivou os romeiros e o povo de Juazeiro a se consagrarem à mãe dolorosa. Com o aumento das peregrinações por conta do “Milagre da Hóstia”, a romaria de Nossa Senhora das Dores tornou-se uma das principais festividades do ano.

A romaria e seus percalços 

Em 2024, a Secretaria de Turismo e Romaria estimou um público de cerca de 300 mil romeiros, um dado que segundo o titular da pasta, Renato Willamys, representa o dobro da população de Juazeiro do Norte. Algo que faz com que muitos problemas de infraestrutura e segurança apareçam.

Durante a semana, o serviço de abastecimento de água foi reduzido em pelo menos sete bairros de Juazeiro do Norte. Segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), o intuito foi assegurar a distribuição de água nos bairros mais centrais, onde fica o maior fluxo populacional.

Segundo o presidente do Conselho de Desenvolvimento do Turismo do Cariri, Júnior Feitosa, a romaria representa um impulso para a economia local. “As pessoas que visitam a cidade vêm consumindo e injetando dinheiro na economia, seja do pequeno empreendedor ao grande empresário”, disse à rádio O POVO CBN Cariri.

Por outro lado, há também relatos de insatisfação por parte dos romeiros com o aumento dos preços das hospedagens. “As pousadas e os hóteis estão acabando com os romeiros. É muito caro, o romeiro é muito sofredor, como o padre Murilo dizia”, afirma Aniceia Lira, romeira de Alagoas que vem a Juazeiro há mais de 20 anos.

Ela relata ter encontrado valores em torno de R$ 1.500 em um quarto por semana. Segundo ela, “sem ter conforto nenhum. Mas a gente vem, porque a fé em Nossa Senhora das Dores e no Padre Cícero é maior”.

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