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Desocupação de terreno: grupo encapuzado teria sido contratado por advogados
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Desocupação de terreno: grupo encapuzado teria sido contratado por advogados

Uma mulher foi morta a tiros durante a desocupação. De acordo com a Defensoria Pública, advogados da empresa dona do terreno teriam contratado o grupo
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BARRACOS da ocupação nomeada
Foto: FABIO LIMA BARRACOS da ocupação nomeada "Deus é Amor", no bairro Carlito Pamplona, foram derrubados

Advogados de uma empresa de compra e venda de imóveis teriam sido responsáveis pela contratação do grupo encapuzado que realizou a desocupação do terreno localizado no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Durante a expulsão das famílias, no dia 10 de setembro, uma mulher de 28 anos, que estava nas proximidades, foi atingida por um tiro e morreu. A informação sobre a contratação dessas pessoas é da defensora pública Elizabeth Chagas, que acompanha o caso. No total, dez pessoas já foram ouvidas e documentos e equipamentos foram apreendidos para subsidiar as investigações. 

De acordo com a defensoroa, parte dessas pessoas encapuzadas estava armada e teria a função de expulsar as famílias que invadiram o terreno. Outras integrantes do grupo estariam desarmados e seriam responsáveis pela limpeza da área após a desocupação. As informações da defensora têm base nos depoimentos prestados à Polícia Civil, que chegou aos nomes de um empresário e de um bombeiro militar, que seriam responsáveis pelo recrutamento do grupo, junto aos advogiados. 

A defensora pública afirma que mais de 1.000 famílias participavam da ocupação. Conforme ela, o Grupo de Trabalho formado pela Defensoria Pública do Estado (DPE), pela Secretaria de Direitos Humanos do Estado, e pelos escritórios de direitos humanos da Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembleia Legislativa, estará presente na comunidade ainda nesta semana para realização de um mapeamento sobre as condições de vida das famílias. 

"Nesta semana vamos colher informações sobre quem são essas pessoas, se há crianças, adolescentes, se tem pessoas com deficiências, autismo, doenças crônicas, se existem mulheres grávidas, se estão amamentando, se recebem algum auxílio, se possuem dívidas e qual o tipo de moradia que foi feita, se barraco... verificar se as crianças estudam nas proximidades", detalhou a defensora.

No dia 10 de setembro, um grupo encapuzado realizou a desocupação de um terreno no bairro Carlito Pamplona, no Grande Pirambu, em Fortaleza, onde diversas famílias tinham montado barracos. A ação contou com o uso de uma retroescavadeira e parte do grupo utilizava armas de fogo.

Mayane Reis, de 28 anos, estava em busca do marido quando foi atingida por um tiro no peito. Ela foi socorrida pelos moradores, mas não resistiu aos ferimentos. 

A vítima trabalhava como vendedora e o companheiro como entregador. Ela deixou uma criança de cinco anos. No dia do crime, três pessoas foram encaminhadas à delegacia e liberadas no mesmo dia. 

A Polícia Civil informou que quatro mandados de busca e apreensão relacionados aos suspeitos foram cumpridos em Fortaleza e Região Metropolitana na quinta-feira, 12. 

"Durante o cumprimento dos mandados que ocorreram em imóveis da Capital e em Maracanaú, documentos, aparelhos celulares, notebook e duas armas de fogo foram apreendidos. O material será periciado e subsidiarão as investigações. As armas também passarão por perícia e microcomparação balística", informa.

Através de nota, a empresa proprietária do terreno, a Fiotex, informou que "não compactua com atos de violência". Afirma ainda que a ação foi testemunhada por policiais militares e que ocorreu, inicialmente, de forma pacífica. Um grupo, porém, que seria de fora do terreno, teria arremessado pedras, "ateando fogo e realizando disparos contra todos que se encontravam no local e seus arredores".  


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