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Governo do Estado assina ordem de serviço para reforma do Farol do Mucuripe
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Governo do Estado assina ordem de serviço para reforma do Farol do Mucuripe

Obras serão divididas em duas etapas, com modernização do equipamento e urbanização do entorno; prazo de conclusão é de até oito meses, conforme anúncio do Governo do Estado
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CRIANÇAS seguram a ordem de serviço assinada pelo governador Elmano de Freitas (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA CRIANÇAS seguram a ordem de serviço assinada pelo governador Elmano de Freitas

Símbolo estampado na bandeira do Estado do Ceará, o Farol do Mucuripe, em Fortaleza, passará por reforma. Prazo de conclusão das obras é de oito meses. A ordem de serviço para a obra foi assinada pelo governador Elmano de Freitas (PT) na manhã de ontem, 18, marcando o início das melhorias no monumento histórico. O plano da reforma prevê a revitalização e modernização do equipamento, com inclusão de elevadores e outras ferramentas de acessibilidade.

Para o governador Elmano de Freitas, o investimento, além de preservar a memória do Estado, também é uma forma de levar renda para a região do Serviluz. "É um investimento de mais de R$ 2,6 milhões e que vai mantar o nosso povo tranquilo [...] Hoje, nós iniciamos uma obra para restaurar aquilo que é um dos símbolos do nosso Estado."

De acordo com o secretário executivo da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), Jonas Dezidoro, o objetivo é fazer com que a população volte a frequentar o espaço. “Hoje é a ordem de serviço para que a gente consiga de fato recuperar o equipamento, modernizar e entregar ao povo cearense um equipamento moderno, pronto e que a gente merece. Vocês sabem que o farol está na nossa bandeira, está no nosso brazão, então é um equipamento fantástico”, pontua Dezidoro.

Luisa Cela, títular da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), destaca que as obras têm uma grande relevância cultural e social. "É a memória sendo preservada, a história sendo preservada, além de ser uma reivindicação histórica da [comunidade local] que há muito tempo briga pela recuperação do prédio".

Ponto de referência para embarcações até 1957, quando foi desativado, o Velho Olho do Mar, como também é conhecido, ainda não tem definida sua futura serventia. De acordo com o secretário executivo da Setur, a utilização do espaço, que já sediou o Museu do Jangadeiro, será definida em reunião com a comunidade do entorno do Farol e a Secult.

O Farol do Mucuripe é uma das edificações mais antigas de Fortaleza. Foi construído entre os anos de 1840 e 1846, feito com alvenaria, madeira e ferro, e durante muito tempo serviu como referência para embarcações que chegavam à cidade, sendo desativado em 1957.

Na década de 1980, o Farol passou por uma recuperação realizada pela Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Cultura e Desporto do Estado, com a responsabilidade técnica da Secretaria das Obras do Estado do Ceará (SOEC). Atualmente, o equipamento é protegido pelo Tombo Estadual, conforme a lei n° 9.109 de 30 de julho de 1968 e o decreto n° 16.237 de 30 de novembro de 1983.

Obras também devem beneficiar entorno do farol

As obras do Farol do Mucuripe serão divididas em duas etapas. A primeira, de revitalização do monumento, e a segunda, para a urbanização do entorno. A expectativa é de que o novo modelo atraia turistas e moradores, que relatam pouca relação direta com o farol.

Pedro Fernandes, coordenador da Associação de Moradores do Titanzinho, comunidade próxima ao Mucuripe, conta que a população sempre se fez presente no local, mas em maior contato com a duna, já que o acesso ao farol era restrito.

“A relação da gente com o farol sempre foi muito intensa. É um ponto de encontro, um mirante, onde a partir dele a gente consegue ver o mar, ver o pôr do sol. Essa relação com o mar eu costumo dizer que é uma relação com a duna. A gente gosta de estar em cima da duna. O farol mesmo, o equipamento a gente nunca conseguiu ter uma relação mais íntima dentro dele. Ao redor dele é que a gente conseguiu”, conta o morador.

Outra preocupação é acerca da gestão do equipamento após a reforma. Além da obra, a população reivindica que a gerência do Farol seja compartilhada entre eles e o Governo do Estado. Questionado, Dezidoro não descartou essa possibilidade, mas afirmou que ela deverá passar por discussão entre Setur, Secult e moradores.

Outro ponto importante na região é a segurança. Apontada como um ponto de insegurança na região, a expectativa é de que a obra, junto com reforço de policiamento, possa garantir o bem-estar dos usuários do local.

“Esse espaço estando urbanizado, a comunidade se sentindo parte desse processo de urbanização a gente conseguindo criar aqui uma rota turística, trazer turista, trazer desenvolvimento para a região e recursos, a segurança nós não vamos ter grandes dificuldades”, acrescenta o gestor.

O coordenador da Associação dos Titanzinhos, Pedro Fernandes, reforça a conexão histórica que os moradores têm com o farol. “Nascemos e crescemos em torno dele”, diz Pedro. Ele destaca que o seu desejo é que o farol se transforme em um “espaço de memória viva”, onde a cultura e as tradições da comunidade possam ser celebradas e valorizadas.

Jander Ferreira Romão, morador do bairro há 55 anos e presidente do Conselho Gestor das Zeis Serviluz, relembra a importância do farol na vida da comunidade. “Ele é a luz que nos inspira e faz parte da nossa história”, diz Jander, destacando como o equipamento foi um local de lazer e geração de renda quando abrigava o Museu do Jangadeiro.

“O Farol do Mucuripe já foi um forte ponto de geração de emprego e renda quando aqui funcionava o Museu do Jangadeiro, local onde as rendeiras e pescadores comercializavam os seus produtos, dessa forma gerando renda para comunidade, esperamos que coisas assim possa voltar após a reforma ser concluída”, disse Jander.

Para André Nogueira, professor de História e morador da região, o farol é um ponto de referência de boas memórias e histórias, especialmente para aqueles que cresceram ao seu redor. “O farol é fundamental para a Cidade e para a identidade local”. Além disso, ele destaca que deseja que a história do local possa ser contada pela comunidade após a reforma ser concluída, para que os visitantes tenham uma real noção do que é a cidade de Fortaleza e como essa parte da cidade integra a memória do Ceará.

Kátia Lima, também moradora da região, destaca que a sua visão sobre o farol é que o local seja um espaço comunitário. “Queremos que a comunidade tenha acesso e participe ativamente”, disse Kátia, destacando a importância de incluir a população nas atividades culturais e educacionais que possam surgir a partir da restauração do espaço. (Colaborou Fabrícia Braga/Especial para O POVO)


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