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16 barracas e estruturas da orla da Barra do Ceará são derrubadas pela maré alta
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16 barracas e estruturas da orla da Barra do Ceará são derrubadas pela maré alta

Elevação Elevação marítima em Fortaleza deve diminuir somente a partir da próxima terça-feira, 24
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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 19-08-2024: Moviementação de pessoas no dia da Super Lua na Praia da Beira Mar com direito a um lindo por do sol. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 19-08-2024: Moviementação de pessoas no dia da Super Lua na Praia da Beira Mar com direito a um lindo por do sol. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

Cerca de 16 barracas e estruturas implantadas na orla do bairro Barra do Ceará, em Fortaleza, foram derrubadas e destruídas pelo avanço do mar, na manhã de ontem,19, trazendo prejuízos a comerciantes locais. Elevação marítima na Capital, fenômeno antigo na região, deve diminuir somente a partir da próxima terça-feira, 24, conforme consta no relatório de Tabela das Marés e Solunares.

Paulo Vinicius, dono da Barraca Pascoalina, foi um dos afetados pelo avanço da maré. Ele conta que há pelo menos quatro anos enfrenta o problema por conta da falta de um quebra-mar que impeça a elevação da água, e por isso sempre acaba ficando "mais preocupado" quando há crescente da maré. 

O comerciante destacou que na primeira semana do avanço marítimo toda a fiação instalada na parte inferior do local foi desligada para evitar incêndio. “Já perdemos a nossa barraca há uns cinco anos atrás. Teve um curto circuito de madrugada e, como tudo é de palhoça, incendiou tudo, tivemos um prejuízo de 110 mil, passamos 28 dias parados”, relembra.

As escoras, colunas que Vinicius havia improvisado, foram arrastadas pela água durante a elevação marítima ontem, mas ele conseguiu evitar que algumas mesas e cadeiras fossem arrastadas pelo mar. 

Já Francisco Roberto Teixeira, que é dono da Barraca Escorpions desde 1995, contabilizou quatro barracas destruídas pelo avanço do mar, um prejuízo estimado em R$ 1.500. “Em setembro e outubro a maré é muito alta por causa dos ventos fortes. Se concluísse o quebra-mar resolvia o problema", diz.

A barraca mais impactada pela maré cheia foi a Tawe & waa, de Antônio Gomes, o "Toinho". Comerciante destaca que o ponto, que existe desde 2012, sofreu um prejuízo de R$ 90 mil e frisa que o avanço do mar sobre a faixa de areia começou após a realização das obras em espigões na Praia de Iracema e Meireles. 

Aline Sousa, moradora do bairro Álvaro Weyne, frequenta as barracas da Barra há cerca de oito anos e foi ao local com a família para comemorar o aniversário da mãe dela. Ela pontua que essa foi a primeira vez que viu os pontos comerciais serem destruídos em grande proporção pelo avanço do mar.

“Aqui é um ambiente muito bom, tranquilo e de paz, gostamos muito (...) É de lamentar uma situação dessa diante de um local tão bacana onde trazemos a nossa família”, diz. 

Procurada pelo O POVO, a Prefeitura de Fortaleza, via Secretaria Executiva Regional (SER) 1, informou que uma equipe técnica realizou ontem uma vistoria na área e que acompanha a situação junto aos permissionários. Um relatório com os encaminhamentos necessários deve ser produzido em breve. 

Segundo Carlos Teixeira, professor de Oceanografia do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar-UFC), a maior amplitude da maré ocorreu na quarta-feira passada, 18, com 2,8 metros. Ele frisa que até a próxima segunda-feira, 23, as marés ainda estarão altas, com 2,5 metros.

“Primeiro estamos numa maré mais alta do que o normal e segundo, de muito vento e muitas ondas”, esclarece, destacando que as marés normalmente são mais altas em luas cheias e novas (maré de sizígia) e mais baixas nas luas quarto minguante e crescente (marés de quadratura).

“Estamos com uma Lua cheia, portanto marés de sizígia. Além disso, a distância da Lua em relação à Terra muda ao longo do ano, o que também muda a altura das marés. Neste momento, a Lua e a Terra estão mais próximas, por isso a super Lua e marés maiores”, prossegue, destacando que o aumento do nível do mar é consequência ainda do aquecimento global. 

Maré vai voltar a ficar alta; comerciantes devem adotar cuidados

O avanço do mar em Fortaleza deve diminuir a partir da próxima terça-feira, 24, com coeficiente de maré de 38, conforme consta em dados apresentados no relatório de Tabela das Marés e Solunares. Todavia, o documento indica que, a partir do dia 29 de setembro os números voltam a aumentar.

Os coeficientes de marés são índices que indicam a amplitude da maré prevista (diferença de altura entre as consecutivas preias-mar e baixas-mar de um lugar). O coeficiente de marés máximo possível de ser registrado é 120. Nesta quinta-feira, 19, para se ter uma ideia, o coeficiente registrado foi de 114. 

De acordo com o professor de Oceanografia do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar-UFC), Carlos Teixeira, cenário torna necessário que os proprietários de barracas tomem algumas medidas de cautela, se preparando para o período de maré alta. Ele recomenda que comerciantes retirem o que for possível do espaço, no intuito de preservar bens e evitar ter um prejuízo econômico. 

“Mas, infelizmente, estruturas fixas vão ser afetadas. Além disso, muitas de nossas praias estão sofrendo processo de erosão e o problema da água afetando as barracas é ampliado”, destaca o professor.

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