O Monitor de Secas aponta cenário de seca fraca em 12,5% do Ceará, um aumento de 7,32 pontos percentuais entre agosto e julho de 2024. O avanço ocorreu nas regiões sul e leste do Estado, mas corresponde a impactos de curto prazo.
No cenário brasileiro, o Ceará é o segundo menos afetado por secas no mês, atrás apenas do Rio Grande do Sul — que ainda sofre com as consequências das enchentes de abril e maio. As regiões mais afetadas são o Norte e o Centro-Oeste, com registros de secas extremas e graves.
De acordo com o pesquisador e divulgador científico Bruno Brezenski, a seca no Brasil é influenciada por “vários sistemas climáticos que estão passando por alterações significativas”, como os consecutivos recordes de aumento da temperatura do Oceano Atlântico Norte. “A principal causa, sem dúvida, é o desmatamento histórico e progressivo que vem removendo a cobertura vegetal de todo o País ao longo das décadas”, analisa.
Por outro lado, as queimadas também podem estar relacionadas com a gravidade das secas. “A fumaça cobre uma vasta área da Amazônia durante meses, não apenas em 2024, que apresentou uma densidade inédita de agosto até hoje, mas isso tem sido uma realidade recorrente há anos”, reforça. Em 2023, o Rio Negro atingiu o pior nível de seca em 121 anos. Neste ano, a estiagem segue severa, com mais de 115 mil famílias afetadas.
“A fumaça altera o ciclo de fotossíntese, o que reduz a saúde das árvores”, comenta o pesquisador. “Esse conjunto de fatores está agravando cada vez mais a seca. A floresta exerce um controle fundamental sobre a umidade do continente, algo que frequentemente não é considerado em muitos estudos climatológicos”.
Para desenvolver o cenário de secas, o Monitor junta dados de monitoramento de chuva, de níveis de reservatórios, de umidade do solo e outras informações singulares de cada região. A geolocalização do Ceará e as políticas de combate à seca têm reduzido a intensidade das secas até o momento.