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Homem apontado como um dos chefes do PCC no Ceará é preso
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Homem apontado como um dos chefes do PCC no Ceará é preso

|OPERAÇÃO DO MPCE| Conversas encontradas em um celular apreendido em presídio em 2018 mostraram que James Machado Cordeiro, de 53 anos, era "Sintonia Geral das Ruas" da facção
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NA OPERAÇÃO da Polícia Civil, foram cumpridos mandados em Crateús (Foto: Polícia Civil do Ceará )
Foto: Polícia Civil do Ceará NA OPERAÇÃO da Polícia Civil, foram cumpridos mandados em Crateús

Duas ações distintas, deflagradas pelo Ministério Público Estadual (MPCE) e pela Polícia Civil do Ceará, nessa quinta-feira, 26, prenderam homens apontados como chefes das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) no Ceará. A operação Springfield, do MPCE, cumpriu um mandado de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão contra suspeitos de integrar posições de comando no PCC em Fortaleza e na Região Metropolitana.

O suspeito preso trata-se de James Machado Cordeiro, de 53 anos, conhecido como Irmão Simpson (daí, o nome da operação). Ele foi apontado como "Sintonia Geral das Ruas" do PCC, informa o promotor Adriano Saraiva, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE.

Saraiva conta que a investigação teve início em agosto de 2018, quando celulares foram apreendidos na Unidade Prisional Professor José Jucá Neto, em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza). Os dados dos aparelhos foram extraídos e analisados pelo MPCE, que se deparou com grupos no aplicativo Whatsapp criados para tratar de assuntos relativos à facção.

O coordenador do Gaeco descreve que a célula era responsável por gerenciar as ações dos integrantes do PCC que estavam soltos. No celular, contou o promotor, havia, entre outros, diálogos em que homicídios de rivais eram decretados, assim como tratativas sobre o dinheiro que os faccionados são obrigados a pagar para o PCC, na chamada "caixinha".

Saraiva ressalta que, na hierarquia da facção, a Sintonia Geral das Ruas só está abaixo das cúpulas do PCC no Ceará e no Brasil. Inclusive, a análise dos dados mostrou que James tinha contato direto com o "Grupo dos 20", ou seja, as principais lideranças da facção, em São Paulo.

Conforme o promotor, a análise dos dados dos celulares apreendidos nesta quinta permitirão saber se James continua tendo cargo de comando na facção. Saraiva, porém, diz acreditar que sim, mesmo que seja em uma outra função. "Certamente, ele continua. Ele, à época da apreensão, tinha oito anos de PCC. Dificilmente, alguém assim se afasta, principalmente, agora, que estava solto", afirmou o promotor.

James tinha uma empresa especializada no fornecimento de garçons para eventos, o que o Gaeco acredita ser uma fachada para as atividades criminosas que ele desenvolvia. No momento da prisão, uma certa quantidade de drogas foi encontrada com James.

As ordens judiciais foram cumpridas com apoio do Departamento Técnico Operacional (DTO), da Polícia Civil. A Vara de Delitos de Organizações Criminosas já aceitou a denúncia ofertada pelo MPCE contra James. O caso tramita em segredo de Justiça.

James já havia sido preso em dezembro de 2018 pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). À época, ele foi descrito como "Geral do Estado" do PCC.

Por ocasião da prisão, os policiais civis apreenderam um celular com James, onde foi encontrada uma lista com o nome de 240 pessoas que haviam acabado de ser "batizadas" na facção.

Com essas informações, a Draco deflagrou, em agosto de 2020, a operação Aditum III, que prendeu mais de 150 pessoas. A operação, porém, foi anulada pela Justiça posteriormente, sob argumento que não houve ordem judicial autorizando a extração dos dados do aparelho.

Mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos no Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro
Mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos no Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro

Polícia Civil desarticula esquema de transporte de fuzis do RJ para o Ceará

A operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), denominada Concórdia, desarticulou o transporte de fuzis e drogas que acontecia do Rio de Janeiro para o município de Crateús, a 355 quilômetros de Fortaleza. O grupo criminoso é investigado ainda por lavagem de dinheiro, com movimentação suspeita de R$ 1 milhão por mês.  Ontem, 26, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão no Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

A Concórdia, que está em sua segunda edição, é resultado de uma investigação que começou a partir de uma guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE), no Sertão de Crateús

As informações são do delegado Felipe Freitas, da Delegacia Regional de Crateús. "A investigação começou a partir de uma guerra que existia no Sertão de Crateús e identificou o grupo que estava à frente, que vinha de uma liderança de Santa Quitéria. A priori a atuação da Polícia era de cessar os homicídios, mas a investigação permitiu identificar o esquema de tráfico de drogas", detalha.

De acordo com o delegado, entre os alvos da ofensiva estão lideranças do grupo e também pessoas responsáveis por esse transporte. Seriam cearenses, naturais da região, que viajariam ao Rio de Janeiro para trazer a droga, a maior parte em ônibus interestaduais. "São armas de grosso calibre como fuzis, número suficiente para abastecer a região", afirma. 

Em relação à lavagem de dinheiro, ainda conforme informações da Polícia, o núcleo da facção criminosa CV utilizava contas bancárias de pessoas que não teriam envolvimento direto com a organização criminosa para movimentar aproximadamente R$ 1 milhão mensalmente. O grupo usava contas de familiares e de pessoas que não levantassem suspeitas sobre o envolvimento com o crime. 

Ao todo, 20 pessoas são investigadas nessa fase da operação, algumas delas residiram na região de Crateús, mas foram para o Rio de Janeiro, onde atuavam na distribuição do armamento e do entorpecente.  

Sobre a Concórdia  

De acordo com a Polícia Civil, a operação foi coordenada pela Delegacia Regional de Crateús, que teve o apoio do Departamento de Inteligência Policial e Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte. 

No Ceará, mandados foram cumpridos em Crateús, Ipu, Santa Quitéria, Monsenhor Tabosa, Fortaleza, além do Rio de Janeiro e São Paulo. Foram cumpridos 10 mandados de prisão em desfavor das pessoas com idades entre 22 e 39 anos. Os nomes não foram divulgados e não houve resistência.

Cinco desses alvos já estavam recolhidos em unidades prisionais e a decisão foi cumprida no próprio sistema penitenciário. Foram apreendidos aparelhos celulares que serão periciados e devem subsidiar as investigações.  De acordo com o delegado Felipe, a primeira fase da operação teve a prisão de 10 pessoas.

  

 

 

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