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Duas crianças são vítimas de crimes sexuais por dia no Ceará em 2024
CIDADES

Duas crianças são vítimas de crimes sexuais por dia no Ceará em 2024

Foram registrados 590 crimes sexuais contra crianças com menos de 12 anos no Estado até o mês de agosto. Na maioria dos casos, o criminoso é um homem da própria família
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SOCIEDADE é responsável pela vigilância para prevenir crimes sexuais (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO SOCIEDADE é responsável pela vigilância para prevenir crimes sexuais

Todos os dias, pelo menos duas crianças de até 11 anos são vítimas de crimes sexuais no Ceará. Foram 590 registros desses crimes, principalmente o estupro de vulnerável, em 2024 até o mês de agosto. Em cerca de 70% dos casos, o criminoso é alguém da própria família. Na grande maioria deles, o agressor é um homem — tio, avô, padrasto, pai. 

Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS/CE), por intermédio da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp/Supesp). A maioria dos crimes sexuais notificados no Estado são contra crianças. Neste ano, considerando todas as idades, constam registros de 1.378 desse tipo de crime — sendo 42,6% das vítimas com menos de 12 anos.  

Considerando apenas crianças, a maioria (81,2%) das vítimas é do sexo feminino. Em 198 ocorrências (28,4%), o caso é em Fortaleza. Adolescentes, faixa etária de 12 a 17 anos, são o segundo grupo com mais casos de vítimas de crimes sexuais. Foram 506 registros neste ano, compondo 35,5% dos casos totais. 

Conforme Carlos Alexandre, delegado titular da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), afirma que cerca de 70% dos casos da unidade são de crimes sexuais. Em sua maioria, estupro, estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos), assédio sexual, importunação sexual — que geralmente contra adolescentes —, exploração do menor, além de crimes cibernéticos.

O delegado explica que a maior parte dos casos chega à Dceca por demanda espontânea. A população faz boletim de ocorrência. Outra forma, é quando a denúncia chega a partir de órgãos de proteção, como o Conselho Tutelar e o Ministério Público. A busca ativa é realizada, principalmente, em casos de crimes cibernéticos em parceria com órgãos internacionais. 

"A prevenção passa muito principalmente pela família, pela escola. Os pais precisam ter uma atenção voltada ao comportamento da criança e do adolescente em casa. Um comportamento sexualizado que não condiz com a idade, retração, isolamento. Sinais físicos que podem ser apresentados em consultas, como inflamações", alerta Carlos Alexandre. 

Segundo ele, a ideia não é antecipar uma situação de crime mas estar em alerta e procurar profissionais que possam dar assistência, como psicólogo, assistente social e o próprio Conselho Tutelar em caso de identificar algum sinal. 

Uma grande dificuldade para impedir esse tipo de crime contra crianças é que, justamente a principal instituição de proteção, a família, é onde se encontra a grande maioria dos agressores. Por isso, a sociedade e o Estado devem protegê-las. Sobretudo profissionais de instituições de educação e de saúde devem ficar atentas. 

"Aí é onde o Estado entra no seio familiar, nesses órgãos de proteção. Fazendo campanhas de educação que estimulem as pessoas a denunciarem, caso saibam. O fomento desse tipo de situação na sociedade. A sociedade, como um vizinho, um professor, algum que tem algum tipo de contato. A sociedade precisa fazer essa vigilância", destaca. 

O delegado salienta que todos esses setores têm responsabilidade social na educação contra esse tipo de crime. "Hospitais, escolas, instituições que prestam serviço a crianças estão dentro da rede de proteção legal. É crime a pessoa de omitir", acrescenta. 

Conforme o titular da Dceca, um adolescente não precisa estar acompanhado de um responsável para fazer uma denúncia em uma delegacia. "Se chegar em uma delegacia, é acolhido e chamam o conselho tutelar", diz. Também há a opção do Disque Denúncia.

Como denunciar 

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos. 

Contado da Dceca: (85) 3101-2044
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
Nome delegacia responsável: Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente
E-Denúncias: disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br 

O sigilo e o anonimato são garantidos em todas as denúncias.

Denúncia

Contado da Dceca: (85) 3101-2044. Disque-Denúncia: 181. WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181. O sigilo e o anonimato são garantidos em todas as denúncias.

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