A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Ceará (Ficco/CE) deflagrou na manhã de ontem, 27, a operação Defcon 3, que cumpriu dez mandados de busca e apreensão e cinco de prisão contra suspeitos de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Conforme as investigações, os alvos são suspeitos de, entre outros, planejar ataques incendiários — com uso, inclusive, de granadas e lança-chamas — como forma de protesto contra o sistema prisional cearense. Fugas de presos também foram planejadas, divulgou a Polícia Federal.
Conforme o coordenador da Ficco/CE, o delegado federal Igor Conti, as investigações tiveram início após a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) repassar informações dando conta de que companheiras de presos do PCC estavam atuando como articuladoras dos ataques.
Em novembro de 2023, foi deflagrada a operação Defcon 4, que cumpriu quatro mandados de busca e apreensão contra as mulheres suspeitas. A partir das informações obtidas nesta operação — somadas às informações da inteligência da SAP e da operação Syntonos, deflagrada em agosto de 2023 —, a Ficco/CE representou pela prisão das mulheres e também pela prisão de um homem que estava recolhido à Unidade Prisional Elias Alves da Silva (UP-Itaitinga4), na Região Metropolitana de Fortaleza. Exame grafotécnico pericial, constatou que ele foi o autor de bilhetes encontrados pela operação.
As quatro mulheres tiveram decretada prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica — a Justiça levou em conta aspectos como o fato delas terem filhos menores de 12 anos. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Conti relatou que era através de bilhetes, oriundos de unidades prisionais e repassados pelas mulheres, que eram articuladas as atividades ilícitas. Na prática, conta o delegado, as mulheres eram utilizadas para que os presos continuassem a ter influência na facção nas ruas, sobretudo, no tráfico de drogas.
Conti descreveu que foi descoberto um plano em que um suposto advogado utilizaria uma caneta espiã para registrar imagens que possibilitassem mapear uma unidade prisional, visando uma fuga de presos. Com isso, foram requeridas transferências de internos para presídios federais.
Já em novembro, a PF havia divulgado que, entre os planos dos faccionados, estava o assassinato de policiais penais. Fotos de agentes — feitas durante o Desfile de 7 de Setembro na avenida Beira-Mar, em Fortaleza — chegaram a ser compartilhadas em grupos de Whatsapp da facção.
Outras descobertas que possam vir a ser feitas após a análise e perícia dos bilhetes podem levar à deflagração de novas ações policiais, afirmou o delegado. Para Conti, operações como a deflagrada nessa sexta têm efeitos "pedagógicos", ao "desestimular" ações do tipo, não só para o PCC, mas também para as demais organizações criminosas. O Estado está presente e observando a atuação dessas facções de maneira inteligente, por meio de diversos entes, afirma o delegado.
Compõem a Ficco: PF, SAP, Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e Perícia Forense (Pefoce).