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Missa do Vaqueiro reverencia São Francisco de Canindé
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Missa do Vaqueiro reverencia São Francisco de Canindé

A celebração eucarística ocorre dentro da programação das festividades em honra à São Francisco das Chagas, padroeiro do município
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CANINDÉ é tomada por romeiros e devotos de São Francisco, santo da Natureza  (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS CANINDÉ é tomada por romeiros e devotos de São Francisco, santo da Natureza

Chapéu de couro, gibão, chicote, berrante e outros elementos das vestimentas dos vaqueiros são ofertados no altar. Uma representação da entrega dos sertanejos a uma vida de trabalho árduo e devoção. A Missa do Vaqueiro, momento no qual a fé sertaneja é celebrada, é o ponto alto Festa de São Francisco das Chagas, realizado ontem, 29/9, no município de Canindé, a 118,60 km de Fortaleza.

Na cidade que abriga o maior santuário franciscano da América Latina, a programação do dia começou com uma cavalgada de vaqueiros encourados.

O grupo seguiu por sete quilômetros da estátua de São Francisco até o Parque de Exposições José Clerton Facundo Bezerra, onde se juntou aos outros fiéis para a missa campal. Os trajes de couro, a pele queimada por anos sob o sol do Sertão Central cearense e a feição contrita dos vaqueiros são marcantes.

Vaqueiro aboiador, membro da organização do evento e da Associação dos Vaqueiros de Canindé, Edilanio Freitas, diz que é uma satisfação para os vaqueiros participar do momento e que quando a missa termina, já fica o clima de ansiedade para o ano seguinte.

"É uma satisfação muito grande ainda ter esse momento de prestigiar essa cultura viva, que nós não podemos deixar acabar. Primeiro, tinha missas de agricultor, violeiro, a tradição do vaqueiro não acabou", relata.

Além de vaqueiros experientes, jovens e crianças participam da cavalgada montados a cavalo com a mesma desenvoltura dos adultos. Mulheres e meninas também participam do trajeto.

Seu José de Sousa Soares, 65 anos, cavaleiro, comparece ao evento desde 1986 e narra: "Todo ano eu participo. Eu adoro. Eu só não vim na pandemia, porque não teve. Faz parte da cultura do vaqueiro, do campo. Aí todo mundo gosta. É lindo".

A missa é "emocionante" para a mestra da cultura Dina Martins, presidente da Associação dos Vaqueiros, Boiadeiros e Pequenos Criadores da Macrorregião dos Sertões de Canindé (Avabocri), entidade que produz o evento.

"São 54 anos de luta, de muita fé em Deus para realizar esse evento. Nós, vaqueiros, somos pessoas muito simples, humildes, amigos", diz.

Esta foi a primeira vez que Laissa, 24, vem à festa sem a mãe, que faleceu há um ano. Ela deseja perpetuar a tradição na família e trouxe pela primeira vez o filho Matias, de 1 ano e 4 meses.

"Desde pequena eu venho, é uma promessa da minha mãe. Eu não sei dizer o motivo dela, mas desde pequena ela me pediu isso, e pra vir com a roupa. Essa foi ela que fez pra mim", conta, com trajes que remetem à São Francisco.

A Festa de São Francisco de Canindé, que tem mais de 100 anos de tradição, reúne anualmente 1,5 milhão de pessoas. Neste ano, são 11 dias de programação em torno do tema “As Chagas de Cristo presentes em São Francisco e na vida do povo”, em referência aos 800 anos da impressão dos estigmas de Nosso Senhor no pobrezinho de Assis.

O evento teve início em 24 de setembro e segue até 4 de outubro. Durante os dias de celebração, são realizadas missas, confissões, novenas e procissões que culminam com a procissão do dia 4, às 17 horas. (Colaborou Gabriela Monteiro)

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