Um ato deve marcar o início do julgamento do crime que vitimou Zé Maria do Tomé. Por volta das 8 horas de hoje os movimentos sociais se reunirão em frente ao Fórum Clóvis Beviláquia, em Fortaleza, no intuito de pedir Justiça para o líder comunitário e a luta para combater o uso de agrotóxicos por meio da pulverização aérea.
A filha da vítima, Márcia Xavier, detalha que sempre imaginou que esse dia iria chegar. "Nunca passou pela nossa cabeça que fosse demorar tantos anos. Esperamos que a Justiça seja feita e que ele pague pelo que fez", diz.
Márcia aponta a inexistência de uma elucidação, pois o suposto mandante teria sido excluído do processo. "A nossa esperança é que amanhã o réu abra a boca e aponte o mandante", ressalta.
A filha destaca que vários pontos chamaram atenção do crime, desde a quantidade dos tiros até o dia da execução, dia 21 de abril, Dia de Tiradentes.
Márcia explica que o pai recebia ameaças, mas poupava a família. Uma semana antes do crime ele teria recebido ameaças por telefone informando que teria que deixar sua luta contra a pulverização de veneno por meio áreo "de uma forma ou de outra". A família teria alertado que esse comentário se tratava de uma ameaça. "Ele dizia: se eu morrer e vocês continuarem minha luta eu morro feliz", comenta a filha.
Mais de uma década após o crime, a família seguiu com os movimentos sociais em busca por Justiça e também na luta contra a pulverização de agrotóxicos de forma aérea, que envenenava as famílias e animais. Amanhã uma manifestação acontecerá por meio de movimentos sociais do acampamento Zé Maria do Tomé e dos parentes, na entrada do Fórum Clóvis Beviláquia.