Berço do ensinamento cristão católico no Ceará, o Seminário da Prainha completa 160 anos de fundação nesta sexta-feira, 18. Instituição teve entre seus alunos nomes como Padre Cícero, dom Helder Câmara, Capistrano e Casimiro de Abreu e Domingos Olímpio. Às 8h30min, dom Gregório Paixão, arcebispo de Fortaleza, ministrará missa na Igreja da Prainha.
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O local funcionou de 1864 até 1964 como seminário, onde residiam jovens e adolescentes na preparação para o sacerdócio, estudando teologia e filosofia. Após o fechamento do seminário, instituições de educação funcionaram no espaço, como o Instituto de Ciências Religiosas (Icre) e o Instituto Teológico Pastoral do Ceará (Itep), administrados pela Arquidiocese de Fortaleza.
Desde 2009, a Faculdade Católica de Fortaleza (FCF) funciona no local. O padre Francisco Antônio Francileudo, diretor geral da Faculdade Católica de Fortaleza (FCF), destaca que a principal missão do seminário foi a formação do clero da Igreja do Ceará. Mas além da missão religiosa, a instituição teve uma atuação fundamentalmente educacional e cultural.
"Por muito tempo, estudaram religiosos de congregações de outros estados do Brasil. Muitos leigos e leigas que se tornaram bastante significativos em outras áreas do campo jurídico, político, eclesial e cultural do Ceará e do Nordeste", afirma o padre Francileudo.
A FCF é uma Instituição de Ensino Superior (IES) criada mediante arcebispo de Fortaleza à época, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques. O reitor afirma que a instituição mantém o legado "como herdeira desse patrimônio cultural do Estado". A faculdade atua com foco nas ciências humanas, com ensino de filosofia, teologia, licenciaturas como história, pedagogia, letras e ciência da religião, com oferta de Educação a distância (EAD).
O historiador Gisafran Nazareno Mota Jucá, professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), é autor do livro "Seminário da Prainha: Indícios da memória individual e da memória coletiva". O pesquisador afirma que o seminário é "como outra Fortaleza, uma fortaleza espiritual".
"(O Seminário) Foi criado quando foi criada a diocese de Fortaleza. Trouxeram padres lazaristas, uma ordem francesa, criada por São Vicente de Paulo. Antes, os padres não eram formados aqui e eram políticos, tinham filhos, como o pai de José de Alencar", recupera. Ele explica que, após o surgimento do Seminário, foi um período chamado de romanização, de "se voltar ao regime da Igreja Católica".
O historiador explica que, em 1963, houve uma crise interna no seminário que gerou instabilidade e os padres lazaristas resolveram "entregar" a instituição ao arcebispo. No ano seguinte, o local passou a ser administrado por padres seculares — que não integram ordens religiosas. O primeiro reitor da instituição após a saída dos sacerdotes da ordem lazarista foi o monsenhor Gerardo Campos.
"Poucos anos depois, eles chegaram à conclusão de que o Seminário já não atendia às necessidades daquele momento". O que culminou com o fechamento da instituição. Gisafran Nazareno destaca que o Seminário não deve ser esquecido pela relevância como patrimônio material e imaterial".
O prédio é adjacente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, conhecida como Igreja da Prainha. O Seminário da Prainha fica localizado no cruzamento das avenidas Dom Manuel e Monsenhor Tabosa, junto à Praça do Cristo Redentor.
O Seminário e a igreja compõem um conjunto arquitetônico de interesse histórico e artístico na Cidade e foi tombado pelo Governo do Estado em outubro de 2008.
Em 2009, o conjunto passou por obras de reforma e restauração de toda a sua fachada. A edificação, de estilo neoclássico, ainda conserva expressivo acervo de azulejos do século XIX, oriundo de Portugal.
Missa celebrada por Dom Gregório Paixão, arcebispo de Fortaleza
Data: sexta-feira, 18
Horário: 8h30min
Local: Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, na avenida Monsenhor Tabosa, S/N - Praia de Iracema