Líderes da educação de todo o globo estão discutindo, no Centro de Eventos, em Fortaleza, estratégias de aceleração para os anos restantes da Agenda 2030, documento lançado em 2015 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que inclui pautas como educação de qualidade e redução de desigualdades. A abertura da Reunião Mundial sobre a Educação, de iniciativa da Unesco, foi aberta na manhã desta quinta-feira, 31, e será encerrada nesta sexta-feira,1º.
A edição deste ano do evento foi aberta com participação do vice-presidente da República Federativa do Brasil, Geraldo Alckmin, do ministro da Educação, Camilo Santana, e do governador do Ceará, Elmano de Freitas.
Entre os pontos discutidos no evento está a participação e o investimento de entidades globais na educação dos países. Em entrevista coletiva durante a reunião, Alckmin reforçou que essa participação internacional deverá ser o principal tema de debate durante esta edição do encontro, visando extrair o máximo de dedicação de cada nação.
“Esse encontro aqui promovido pela Unesco e por todos os países é exatamente para discutir isso. Cada país fazer o máximo que puder para priorizar educação de qualidade, e por outro lado, como é que os organismos internacionais podem ajudar principalmente aqueles que precisam mais”, disse o também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Chefe da pasta nacional de educação no Brasil, o ministro Camilo Santana reforçou que um dos pontos cruciais a serem trabalhados é o abandono escolar na educação básica. O ex-governador do Ceará destacou medidas já adotadas no País para o enfrentamento à evasão escolar e que podem ser incrementadas a partir da colaboração entre as nações.
Camilo Santana também defendeu o diálogo entre os 194 países membros da Unesco para superar o subfinanciamento da educação. “Para mim não pode ter cortes, não pode ter limite, nem pode ter teto para educação em um país”, afirmou.
Stefania Giannini, diretora-geral adjunta de Educação da Unesco, também chama atenção para a desigualdade de oportunidades para crianças e jovens. “Dados da Unesco nos mostram que, desde 2015, 110 milhões de jovens foram matriculados em escolas. No entanto, a mesma pesquisa aponta que cerca de 250 milhões crianças e adolescentes ainda não frequentam a escola, o que é um grande problema. A educação é um direito humano não negociável e precisamos encorajar fortes medidas para aumentar e compartilhar seu financiamento".
Na América Latina e no Caribe, o valor investido na educação por estudante aumentou de US$ 2.290 para US$ 2.478 de 2021 para 2022, o que equivale a 8%. No entanto, no mesmo período, a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) destinada à educação caiu de 4,4% para 4,2%.
Na última década, a queda foi de 0,4 pontos percentuais. A redução da parcela do PIB investida na educação foi percebida em diversas regiões. Na América do Norte, em 2010 era investido 4,8% do PIB na área, já em 2022, caiu para 3,8%.
Os dados são do relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024, divulgado nesta quinta-feira, 31. O documento mostra que os gastos com educação aumentaram na última década, mas os fundos ainda são insuficientes para superar desigualdades de países de baixa renda.
O relatório aponta ainda que muitos países de baixa e média renda estão gastando menos de 4% do PIB e destinando menos de 15% das despesas públicas totais para a educação.
De 80 países com dados disponíveis, 41 não atingiram nenhuma das duas metas de investimento, 25 conseguiram atingir as duas e 14 atingiram pelo menos uma. (Alexia Vieira)
Ministros da Educação do G20 almoçam com alunos em escola do Ceará
Os ministros da Educação dos países membros do G20 partilharam um almoço com estudantes da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Jaime Alencar de Oliveira, no bairro Luciano Cavalcante, nessa quinta-feira, 31.
Arroz, feijão, farofa de cuscuz, frango agridoce, legumes salteados, suco de acerola e, para sobremesa, rapadura. Esse foi o cardápio oferecido pela escola para os ministros. As delegações conheceram ainda a cozinha onde é produzido o alimento dentro da escola.
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O objetivo da atividade foi mostrar aos representantes internacionais o impacto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que repassa R$ 5 bilhões por ano para garantir refeições aos alunos de 154 mil escolas brasileiras. O ministro da Educação Camilo Santana saudou os ministros e participou do almoço.
“O feedback foi positivo, todo mundo gostou do sabor da comida, da qualidade, viu como a comida é preparada. E o que foi oferecido hoje não é muito diferente do que é servido todos os dias. Os ministros de fato comeram o que os alunos comem”, afirma o diretor da escola, Kamillo Silva.
A escola passou por reformas para receber o evento internacional. Além disso, 40 estudantes foram previamente preparados para participar do almoço. Eles puderam sentar à mesa com as autoridades para comer e conversar.
Milton Freitas, 16, aluno do Centro Cearense de Idiomas (CCI), passou o almoço conversando com uma representante da Alemanha. “A conversa foi bem fluida. A gente estava falando sobre temas como educação e diferenças culturais. Ela contou um pouco sobre como funcionava o sistema educacional lá, eu falei um pouco sobre como funciona o daqui”, disse.
Para ele, o evento foi uma oportunidade de testar o inglês e conhecer autoridades importantes da política internacional. “É algo que pouca gente tem acesso”, afirmou.
Nobuhle Nkabane, ministra da Educação Superior da África do Sul, também ficou interessada no ensino técnico ofertado na escola. “Aqui as crianças estão aprendendo habilidades técnicas. Nós vamos implementar o mesmo modelo no nosso país. Essas garotas querem ser engenheiras, e isso vai ajudar a crescer a economia do Brasil”, afirmou.
O almoço encerrou a reunião do grupo de trabalho de educação do G20, que ocorreu em Fortaleza de terça-feira, 29, até esta quinta-feira, 31. Os ministros seguem reunidos no Centro de Eventos do Ceará até sábado, 2, para a Reunião Global de Educação promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).