Procurados nesta sexta-feira, 8, os advogados da empresária Iracema Correia São Tiago emitiram uma manifestação, de cinco páginas, como contestação preliminar ao laudo divulgado pelo Conselho Comunitário de Jericoacoara. Eles consideram o documento assinado pelo engenheiro cartógrafo Paulo Roberto Lopes Thiers como uma "análise claramente tendenciosa, repetitiva e incompleta".
Num trecho mais incisivo, a nota diz que "Iracema e a família lamentam que o povo de Jericoacoara esteja sendo usado de forma vil para proteger os interesses econômicos de grupos empresariais que exploram o turismo em Jericoacoara e vem invadindo áreas públicas para ampliar seus hotéis e pousadas,tomando inclusive ruas".
A defesa de Iracema lança questões como "Quem tem interesses nas áreas livres da Vila de Jericoacoara?" ou "Como os títulos dados pelo Idace aos nativos foram parar nas mãos de empresários de fora do Ceará, sobretudo estrangeiros, inclusive com origem em paraísos fiscais?".
Segundo a resposta dos representantes de Iracema, o especialista "omite trechos importantes e dá interpretação parcial das informações contidas em documentos oficiais, que conforme a Constituição Federal possuem fé inquestionável, quando no mínimo, deveria mostrar 'aos leigos' a verdade contida naqueles documentos em sua integralidade".
Eles citam que os registros cartorários remontam a 1941, quando Jeri ainda pertencia a Acaraú e eram referenciados "por marcos físicos claros, como rio e litoral, fato este omitido ardilosamente pelo referido 'laudo' encomendado". Esses marcos não teriam mudado ao longo dos anos.
Sobre o questionamento feito no laudo ao uso do Datum Córrego Alegre, tecnologia utilizada no georreferenciamento da área, os advogados citam que o sistema SIRGAS2000 foi usado simultaneamente no País até fevereiro de 2015. Depois, por regra federal, os sistemas geodésico e cartográfico adotaram a modelagem única pelo SIRGAS2000. "Logo não houve nenhuma falha técnica", afirma.
Os advogados dizem que houve correção de medidas, por recursos tecnológicos, "sem jamais promover a alteração dos limites físicos ou a invasão das terras confinantes". Destacam posicionamentos técnicos já expostos por órgãos como o Idace, Incra, ICMBio e SPU (Secretaria do Patrimônio da União).