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Caminhada lembra Dia Nacional da Umbanda e intolerância religiosa
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Caminhada lembra Dia Nacional da Umbanda e intolerância religiosa

|Centro|Participantes foram da Praça dos Leões até a Cidade da Criança e cobraram respeito aos povos de terreiro
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PARTICIPANTES cobraram direitos e se manifestaram contra racismo e intolerância religiosa (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES PARTICIPANTES cobraram direitos e se manifestaram contra racismo e intolerância religiosa

Ontem, 15 de novembro, feriado da Proclamação da República e também Dia Nacional da Umbanda, o Instituto Carta Magna da Umbanda do Estado do Ceará (ICMU-CE) promoveu a segunda Caminhada Contra a Intolerância Religiosa, no Centro de Fortaleza.

O percurso foi da Praça General Tibúrcio (Praça dos Leões) até a Cidade da Criança, na avenida Visconde do Rio Branco, onde foi realizado o ritual de gira aberta. As pautas da manifestação trataram sobre a intolerância religiosa e o racismo religioso.

Neste ano, a Umbanda completa 116 anos de reconhecimento no País. Ela une crenças de povos africanos escravizados e dos indígenas brasileiros, também de caboclos, sertanejos, pescadores e outros povos. Os rituais incorporaram também elementos do catolicismo e do espiritismo.

O professor, historiador e cientista social Hilário Ferreira conta que a Igreja do Rosário dos Pretos (apesar das pessoas não dizerem o nome até o final), na praça dos Leões, remonta ao século XVIII e foi palco da luta pelos direitos da raça negra.

"Com o objetivo de converter e acalmar os animos da 'negrada', criaram essa Igreja (dos Pretos), porque os negros não podiam entrar na Igreja do Carmo. Criaram para que os negros fizessem a leitura a partir da própria cultura e utilizassem essa participação para ter o sábado e domingo de descanso. Com isso, poderiam juntar dinheiro e comprar alforria, realizar a festa do Congo, tocar os tambores aqui [Praça dos Leões] até a Praça do Carmo".

Segundo Matheus Pirez, secretário de articulação política do ICMU-CE, a caminhada recebeu cerca de 300 a 350 pessoas, dos municípios de Fortaleza, Pentecoste, Maracanaú, Caucaia, Eusébio e outros da Região Metropolitana.

O trajeto, o mesmo feito no ano anterior, se justifica, segundo Pirez, porque a Praça dos Leões é um marco histórico da Cidade, também por diversas manifestações contra a Ditadura Militar. "Agora estamos lutando pelos povos de terreiro. Queremos que a Praça dos Leões, Parque das Crianças, o Centro, possam ser mais um nascedouro
de resultados".

Foi a primeira vez que Zelma Madeira, atual secretária da Igualdade Racial do Ceará (Seir), participou da caminhada.

"É importante a gente estar presente e a Cidade toda assistir aos povos de terreiro. Como povos de comunidades tradicionais são um público que a gente atende, que sofrem o peso da discriminação e do racismo religioso, é um grupo que precisa ser reconhecido. Isso demonstra o poder de dar as caras na Cidade para dizer que existe o povo de Umbanda e o papel social que eles cumprem na periferia e nos bairros de Fortaleza".

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