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Caps da Regional II suspende atendimento e transfere serviços para outras unidade
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Caps da Regional II suspende atendimento e transfere serviços para outras unidade

Centro está saindo da sede na rua Pinto Madeira e deverá realizar atendimentos na rua Visconde de Mauá. Mudança acontece há três semanas e novo espaço deve ser inaugurado em janeiro de 2025
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USUÁRIOS chegam no Caps da Regional II e não recebem atendimento no local (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA USUÁRIOS chegam no Caps da Regional II e não recebem atendimento no local

O Centro de Atenção Psicossocial Geral (Caps) Dr. Nilson Moura Fé, localizado na rua Pinto Madeira, bairro Aldeota, em Fortaleza, está com o atendimento de pacientes suspenso por tempo indeterminado. Conhecido como Caps da Regional II, o equipamento passa por mudança para uma nova sede, na rua Visconde de Mauá, bairro Dionísio Torres, local que ainda não está apto para receber o público assistido. 

O POVO apurou que o processo de mudança foi iniciado no último 28 de outubro, quando representantes da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) solicitaram que servidores do Caps guardassem e separassem os equipamentos para o deslocamento.

A partir de então, sistemas de ar-condicionado, medicamentos, móveis e outros itens presentes no Centro deixaram de ser utilizados e ficaram guardados esperando para serem levados até a nova sede.

De acordo com funcionários do serviço de saúde pública, que optaram por não se identificar, um caminhão da Prefeitura de Fortaleza foi buscar os materiais apenas três semanas após a ordem para empacotar os equipamentos, que até hoje não foram instalados na sede da Visconde de Mauá.

Conforme relatos de funcionários, com salas reduzidas e sem dispor dos insumos necessários, os serviços prestados na unidade foram sendo suspensos pouco a pouco, começando por consultas agendadas com psiquiatras e depois atingindo aplicações de medicação intravenosa.

“É uma realidade muito ruim para os usuários e para os funcionários porque a gente fica vulnerável. Às vezes chega uma pessoa em surto aqui e a gente não tem como atender. O que a gente escuta muito é ‘se está aberto eu quero ser atendido’”, conta uma servidora que preferiu ter a identidade preservada.

O último serviço a ser afetado foi a entrega de medicamentos para os atendidos na unidade. Conforme O POVO apurou com funcionários do local nessa quinta-feira, 21, este era o único serviço ainda em funcionamento.

Entretanto, O POVO esteve no local durante a manhã e presenciou trabalhadores do Caps orientando que os pacientes buscassem as medicações em uma das farmácias espalhadas pela Cidade.

“A gente fica à mercê do que vai acontecer. A gente não sabe se vai ter farmácia, psiquiatra, psicólogo… o prédio vai estar lá, mas a gente não sabe como vai ser”, relata Daiana Silvestre, 36, usuária dos serviços do Caps há 14 anos.

Mudança teria sido motivada por problemas na infraestrutura

Ainda de acordo com funcionários do Centro de Atenção, a saída do equipamento da rua Pinto Madeira foi motivada por problemas na infraestrutura do local. Com rachaduras e mofo no teto e nas paredes, não apresentava as condições adequadas para suporte aos pacientes.

Entre os principais problemas estava o baixo número de salas, que de acordo com os funcionários, era entre oito e dez para o suporte a cerca de 200 pessoas diariamente.

Esse cenário ficava ainda mais grave durante o período da quadra chuvosa, quando, devido a infiltrações, parte dos espaços precisou ser interditada para preservação dos pacientes e dos móveis.

Passados mais de cinco meses desde o fim do período de precipitações no Estado, as salas ainda estariam interditadas no local, obrigando os profissionais a fazerem revezamento para atender os pacientes.

O POVO tentou entrar no local para atestar o atual cenário em que se encontram as instalações, mas não teve o acesso permitido devido à uma reunião da SMS com representantes do Caps que ocorreu durante a manhã.

Prefeitura afirma que serviços não foram interrompidos, mas "temporariamente reorganizados"

Através de nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirmou que os serviços do Caps Geral II não foram interrompidos, mas "temporariamente reorganizados". Os profissionais, conforme a Prefeitura, foram realocados para outras unidades. O serviço de farmácia básica e de alto custo foi direcionado para o posto de saúde Pio XII, no bairro São João do Tauape.  

Os atendimentos psiquiátricos agendados, ainda conforme a nota da SMS, estão sendo realizados nos Caps AD II dos bairros Centro (rua Dona Leopoldina, 8) e Cidade 2000 (rua Giselda Cysne, s/n). 

Inauguração da nova sede do Caps Geral II está prevista para janeiro de 2025. "A nova estrutura oferecerá um espaço mais amplo e moderno, incluindo ambientes adequados para atendimentos individuais e coletivos, além de salas amplas para atividades de grupos terapêuticos. O antigo prédio, situado na Rua Pinto Madeira, será devolvido ao proprietário", informa a nota. 

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