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Encontro aponta necessidade de mais profissionais para saúde nos presídios do Ceará
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Encontro aponta necessidade de mais profissionais para saúde nos presídios do Ceará

Encontro Estadual de Integração em Saúde Prisional debate, em dois dias, melhorias no atendimento à saúde nos presídios, com foco em cuidados humanizados
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O objetivo do Encontro é  debater formas de melhorar os cuidados de saúde no sistema prisional (Foto: Lara Vieira/O POVO)
Foto: Lara Vieira/O POVO O objetivo do Encontro é debater formas de melhorar os cuidados de saúde no sistema prisional

O Ceará realiza, nesta quinta e sexta-feira, 28 e 29 de novembro, o 1° “Encontro Estadual de Integração em Saúde Prisional: Desafios e Perspectivas Intersetoriais”. O evento acontece das 8h às 17h no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O objetivo principal é debater formas de melhorar os cuidados de saúde no sistema prisional, compartilhando experiências bem-sucedidas e avanços na área. Assim como discutir a necessidade de mais profissionais para a área.  

Durante os dois dias, serão debatidos temas como o cuidado humanizado, a ressocialização dos presos e a implementação da Lei Antimanicomial, focando no atendimento a internos com transtornos mentais.

O evento conta com representantes de diversos órgãos, como o Ministério da Saúde, Educação e da Justiça; da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP); das Secretarias de Saúde; da Defensoria Pública, entre outros.

Rafael Beserra, secretário executivo da Administração Penitenciária do Ceará, destaca a importância da universalização do acesso à saúde no sistema prisional. Ele explica que esse acesso vai desde a entrega de medicamentos até o atendimento primário, abrangendo médicos, dentistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e psicólogos.

“Nosso objetivo é oferecer melhores condições de saúde e convivência nos centros regionais, proporcionando um ambiente sob tutela do Estado, e não sob controle de organizações criminosas”, comenta.

Ele também menciona a necessidade de aumentar o número de profissionais, melhorando tanto a quantificação quanto a qualificação dos atendimentos. “Embora as unidades já contem com equipes técnicas bem preparadas, um reforço no quadro de profissionais permitiria expandir o atendimento, reduzir o tempo de resposta e tornar as ações de prevenção ainda mais efetivas”, diz o secretário executivo.

O cuidado psicológico dos internos e colaboradores também é assunto no evento, sendo "essencial para que os internos compreendam as consequências de seus atos e aproveitem as oportunidades de transformação oferecidas", diz Rafael Beserra.

Atualmente, nos presídios de menor porte do Ceará, que ficam localizados em municípios, fora de complexos, o atendimento à saúde é realizado pelas equipes de atenção primária vinculadas ao território municipal. Nos presídios de maior porte, há uma integração entre as redes estadual e municipal, garantindo acesso a atendimento especializado ou hospitalar quando necessário.

Ícaro Borges, superintendente da Região de Saúde de Fortaleza (SRFOR/Sesa) e responsável pela saúde prisional do Estado, destaca outro grande desafio: a rotatividade da população carcerária. “Muitos internos chegam sem documentos ou exames prévios, o que exige que realizemos todo o processo de avaliação inicial. Por isso é importante a parceria com a Secretaria da Segurança, de Saúde e a SAP”.

Internas transformam suas vidas em arte

Um destaque da abertura do evento foi a apresentação de internas da Unidade Prisional Feminina Desembargadora Auri Moura Costa, que encenaram a peça "A Vida da Márcia Cibele", criada e interpretada por 10 internas. A obra retrata os impactos do crime em suas vidas e ressalta as oportunidades de educação e trabalho oferecidas no sistema prisional do Ceará.

Nova turma da Polícia Penal e novos profissionais da saúde

O diretor de Políticas Penitenciárias da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Abel Silva Barradas, comenta que a formação dos novos servidores para o sistema prisional também vai beneficiar os serviços de saúde.

“Essa formação inclui tudo o que foi aprendido nos últimos cinco anos e está sendo transmitido de forma sistemática. Isso cria um modelo de excelência que beneficia não só os servidores e a população privada de liberdade, mas também as empresas parceiras e o setor de saúde, que hoje encontra um ambiente mais seguro para atuar”, declara.

Já Ícaro Borges comenta que a Secretaria de Saúde planeja habilitar novas equipes de atenção primária prisional para atuação em penitenciárias. “A ideia é que tenhamos uma cobertura ainda maior nos presídios do Ceará, com equipes multiprofissionais completas, capazes de atender de forma mais eficiente essa população”.

Serviço

Encontro Estadual de Integração em Saúde Prisional: Desafios e Perspectivas Intersetoriais
Data: 28 e 29 de novembro
Local: Centro de Eventos do Ceará
Horário: 8h às 12h e 13h às 17h

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