Em aumento de casos, Ceará registrou 599 confirmações de Covid-19 na semana epidemiológica (SE) 47, de 17 a 23 de novembro. No período, a positividade dos exames chegou a 27,8%. Do total, 54% dos casos estão concentrados no município de Fortaleza (302).
A circulação de duas sublinhagens da variante Ômicron, a XEC e a LP.8.1 podem estar relacionadas ao aumento recente da positividade e da quantidade de casos.
Na semana anterior, de 10 a 16 de novembro, positividade foi de 15%. Dados são de boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Os dados do boletim foram retirados do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), sistema nacional desenvolvido para Laboratórios de Saúde Pública, e-SUS Notifica e SIVEP-Gripe.
Fonte: Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).
Foram foram contabilizados 8.954 casos de Covid-19 em 2024. Conforme a Sesa, a maioria dos casos se concentra nos indivíduos entre 50 e 69 anos, representando 22,5% do total de casos. As mulheres são as mais impactadas, com 60,5% dos casos, o que pode estar relacionado a maior procura por atendimento de saúde por mulheres.
Dentre os casos confirmados, 523 (5,8%) foram hospitalizados. Destes, 314 (60,0%) reportaram fatores de risco/comorbidade, sendo doença cardiovascular crônica (48,4%); diabetes mellitus (36,6%); doença neurológica crônica (15,3%); entre outras comorbidades.
Com o aumento, a Secretaria publicou, na última semana, recomendações aos serviços de saúde para evitar aumento da infecção nas unidades. Visitas na Maternidade Escola foram suspensas devido ao surto de Covid-19.
Gabriel Freitas, 32, e a noiva, Hortênsia Gadelha Maia, 36, foram infectados durante esta nova alta de casos. Os sintomas começaram por Hortênsia, com tosse, dor de garganta e espirros.
Quando começou a sentir febre, foi ao médico, mas não foi orientada a fazer o teste de Covid-19. O casal começou a se preocupar quando, após 48 horas, Gabriel também começou a ficar doente e Hortênsia parou de sentir cheiros e gostos, sintomas característicos da doença.
Os dois fizeram testes e positivaram para a doença, ficando em uma quarentena de cinco dias. “Meus sintomas desapareceram do terceiro pro quarto dia. Minha noiva até agora tá com um pouquinho de dor de cabeça e a tosse ainda não passou”, relata Gabriel.
Iran Gonçalves Filho, 59, e a esposa Joísa Matos, 54, também pegaram Covid-19 neste mês de novembro. De início, os dois sentiram moleza e dores no corpo, sem nenhum sintoma gripal.
No posto de saúde, o médico indicou que eles fizessem o teste e o resultado foi positivo. “No final do período que o médico deu de quarentena, comecei a sentir umas tosses, rouquidão, pigarro na garganta”, afirma Iran. Uma dor de cabeça também persiste até hoje, mesmo após uma semana do início dos sintomas.
Conforme o consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE) , Keny Colares, um “surto" de uma doença é caracterizado quando há aumento de casos maior do que o esperado para uma determinada região ou período.
Dessa forma, o infectologista aponta que o atual cenário epidemiológico da Covid-19 no Estado não é considerado um surto, já que esse aumento é, de certa forma, esperado.
“Sempre que chega essa época do ano, é comum que haja aumento nos casos de doenças respiratórias. As chuvas, a mudança de clima, a circulação dos ventos, tudo isso contribui para o aumento de casos”, aponta.
Embora ainda não haja dados suficientes para confirmar uma sazonalidade definida da Covid-19, o infectologista sugere que o vírus pode estar se alinhando ao padrão de outras doenças respiratórias, como a gripe.
“Se olharmos para as grandes ondas de Covid-19, elas geralmente ocorreram no final do segundo semestre e no início do primeiro semestre do ano. Então, talvez estejamos começando a ver um padrão”.
O número de casos confirmados de Covid-19 neste ano ainda é significativamente menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. No entanto, é possível observar um padrão semelhante de aumento nos casos durante os três últimos meses do ano.
Na semana 43 de 2023 (22 a 28 de outubro), foram registrados 60 casos. Já na semana seguinte (29 de outubro a 4 de novembro), o número quase dobrou, chegando a 112 casos. Esse padrão de aumento continuou de forma exponencial: na semana 45 foram confirmados 241 casos, passando para 426 na semana 46.
O cenário tornou-se ainda mais preocupante na semana 47, com um salto para 2.047 casos. Nas semanas seguintes, o aumento persistiu, atingindo 5.506 novos casos na semana 48 e alcançando o pico de 7.530 casos na semana 49 (3 a 9 de dezembro).
A partir da semana 50, observou-se uma leve redução no número de casos, caindo para 6.204, e, a partir daí, houve uma desaceleração constante nas semanas seguintes.
Semana 43 (22/10 -28/10) - 60 casos
Semana 44 (29/10 - 04/11) - 112 casos
Semana 45 (05/11 - 11/11) - 241 casos
Semana 46 (12/11 - 18/11) - 426 casos
Semana 47 (19/11 - 25/11) - 2.047 casos
Semana 48 (26/11 - 02/12) - 5.506 casos
Semana 49 (03/12 - 09/12) - 7.530 casos
Semana 50 (10/12 - 16/12) - 6.204 casos
Fonte: IntegraSUS.