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Mulheres negras são maioria das vítimas de violência na zona rural
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Mulheres negras são maioria das vítimas de violência na zona rural

| Epidemiologia | Homens são principais agressores, mostra estudo
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As mulheres pretas e pardas formam maioria entre as vítimas nas notificações de violências física, psicológica/moral e sexual nas zonas rurais do País. A informação é resultado da pesquisa "Caracterização das notificações de violência contra as mulheres que vivem em contextos rurais no Brasil, de 2011 a 2020", publicada ontem na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Conforme o estudo conduzido por pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram registradas 79.229 mil notificações de violência contra as mulheres rurais, com idade de 18 a 59 anos, no Brasil, de 2011 a 2020.

A maior parte delas (60.819, 77,6%) foi vítima de violência física, enquanto 28.544 (36,5%) mulheres sofreram psicológica/moral e 4.873 (6,2%) sexual.

As notificações mostram que o provável autor da maioria das violências é predominantemente homem. Em caso de violência sexual, eles são 96,2%.

Os parceiros das vítimas são os principais agressores em notificações de violências física e psicológica/moral, enquanto na violência sexual, a maioria foi por parte de desconhecido, seguido de amigos/conhecidos e cônjuge ou namorado.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostra que, entre 2011 e 2020, a taxa anual das notificações de violência contra mulheres que vivem em contextos rurais no Ceará só aumentou.

Para se ter uma ideia, em 2011, a taxa de notificações foi de 12,1%. Em 2019, foi para 113,7%, fechando em 2020 com 111%. A taxa média na década ficou em 54,4%, segundo o Sinan.

Apesar da alta, as pesquisadoras Luciane Stochero e Liana Wernersbach Pinto analisam que ainda existe subnotificação de casos de violência contra a mulher.

"O setor saúde ainda não é totalmente reconhecido como porta de entrada para a Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência. Quando as mulheres buscam algum apoio, geralmente, recorrem primeiro a pessoas que confiam, e quando a violência chega a extremos, como em casos de lesões físicas ou ameaças, buscam o setor saúde ou delegacias", pontuam.

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