A uma semana do fim de 2024, o Ceará registrou, em dados até dia 24, véspera de Natal, 39 feminicídios ao longo deste ano. Em comparação com todo o período de 2023, houve queda de 7,1%.
Porém, desde a contabilização feita a partir de 2018, este é o segundo ano com mais casos anotados desse crime no Estado em sete anos. Só é menor exatamente que os 42 casos totalizados no ano passado.
A última atualização dos registros em 2024 foi em 20 de dezembro. Os dados foram obtidos por meio dos Painéis Dinâmico e Estático da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Somente de janeiro a novembro deste ano, foram registrados 36 mortes por feminicídio no Ceará. Em comparação ao mesmo período de 2023, quando houve 41 casos, o recorte em 11 meses apresentou uma redução de aproximadamente 12,2% no total de feminicídios.
Ainda conforme os registros diários de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), também disponibilizados pela SSPDS e atualizados até 20 de dezembro, neste mês de dezembro foram registradas mais três mortes por feminicídio.
A distribuição mensal dos feminicídios em 2024 mostra que março, julho e novembro foram os meses mais violentos, com cinco casos cada um. Já fevereiro e agosto tiveram o menor número, com apenas um caso registrado em cada mês.
Conforme Hayeska Costa Barroso, doutora em Sociologia e pesquisadora do Observatório de Violência Contra a Mulher (Observem), da Universidade Estadual do Ceará, apesar da redução numérica de 2023 para 2024, os indicadores de feminicídio permanecem estáveis.
"Estamos, na verdade, diante de uma tendência de manutenção dos indicadores de feminicídio. É importante entender o que esses dados realmente refletem das estruturas sociais, como o machismo e o patriarcado, que continuam sendo a base desses crimes", aponta a especialista.
Entre as três ocorrências de feminicídio em dezembro de 2024, uma está registrada no município de Araripe, na região do Cariri, no dia 2. Na ocasião, a vítima, de 45 anos, foi morta por tiros de arma de fogo. O infrator tirou a própria vida após cometer o crime.
No dia 7, outro feminicídio foi registrado em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A vítima, Maria Fabiana Lima Silva, de 31 anos, foi morta pelo marido, Marcio Gleidson Pereira da Silva. Segundo a investigação da Polícia Civil, o crime foi praticado a golpes de machado, após uma discussão entre os dois.
O caso mais recente aconteceu em Fortaleza, no dia 12. Uma bombeira civil de 25 anos foi morta a tiros e o acusado é o ex-namorado, que está preso. De acordo com as investigações, o suspeito teria invadido a residência dela durante a madrugada após pular o muro da casa.
Com três casos, os índices de dezembro já são superiores ao registrado no mesmo período de 2023, quando houve um caso. Na ocasião, a vítima, uma mulher de 55 anos, foi morta a tiros dentro de farmácia no bairro Jardim Iracema, em Fortaleza.