A reforma do Casarão dos Fabricantes, prédio histórico no Centro de Fortaleza, deverá ser concluída em meados de julho deste ano. Inicialmente previsto para abril, o prazo foi alterado devido à demolição de uma parede da estrutura original, que precisará ser reconstruída.
A parede em questão fica no acesso lateral da edificação para a rua Rufino de Alencar, e é um dos componentes que resistiram ao incêndio que atingiu o Casarão em setembro de 2020. De acordo com a Madri Engenharia, empresa responsável pela obra do bem histórico, a derrubada da parede se fez necessária devido a danos causados pelas chamas e desgastes oriundos da exposição à chuva.
"Ela foi toda escorada. Foram feitos alguns trabalhos de recuperação estrutural, mas também não obtiveram sucesso. Devido ao fogo na época e às chuvas, aquele paredão desagregou um pouco na parte de cima. Foram feitas escoras mas não resolveu. Foi feito um mapeamento de danos e se resolveu fazer a demolição dele e reconstrução", explica o engenheiro civil Flademir Câncio, da Madri Engenharia.
Mesmo figurando hoje como propriedade privada, qualquer alteração na estrutura original do Casarão, como a demolição de uma parede, precisa ser autorizada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural de Fortaleza (Comphic), devido ao tombamento provisório concedido pela Prefeitura da Capital.
Questionado sobre esse processo de autorização, Câncio afirmou que todos os documentos necessários para a demolição já foram disponibilizados pelo Comphic, que, conforme ele, atestou a necessidade de remoção da parede.
De acordo com a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor), pasta responsável pelo Comphic, a solução para a reconstrução da parede sul do Casarão dos Fabricantes foi definida em audiência realizada em novembro de 2024, entre representantes da pasta, o proprietário e o Ministério Público. "A medida acordada garante a segurança de pedestres diante dos danos causados por incêndio e chuvas. A nova estrutura seguirá o modelo atual da edificação, preservando suas características, como formato, estrutura, acabamentos e esquadrias", informa a nota.
Até a data do incêndio, o Casarão era utilizado como ponto de comércio para permissionários da Capital, atendendo mais de 200 comerciantes. A finalidade deverá ser a mesma, após a conclusão da obra. Está previsto, ainda, um novo anexo, destinado a uma área para banheiros.
História
Usado para diversos fins, ao longo de 150 anos, o Casarão serviu também de Hotel Central, sede do Paço Municipal de Fortaleza e da Fundação do Bem-Estar do Menor no Ceará (Febem-CE)